Amsterdam, 14 de dezembro de 2006
Eu tinha combinado por telefone com um treinador de uma equipe amadora de futebol pra eu ir fazer um teste ontem. Estava acordado que eu treinaria com e equipe B do clube. A equipe A joga pela terceira divisão amadora da Holanda, se pensarmos que só há duas divisões profissionais, a equipe disputa na verdade a quinta divisão nacional.
Pelo que eu tinha percebido, a principal função da equipe B é manter os caras treinando pra, quando necessário, fornecer alguns jogadores pra ficar no banco de reservas da equipe A.
Bem, pra mim que nos ulimos 7 meses quase nem tinha visto a cor da bola seria uma melhor opção treinar com uma equipe mais fraca mesmo.
Cheguei um pouco mais cedo no clube que o horário combinado com o treinador. Pra chegar lá eu tenho que pedalar uns 35 minutos e me dei algum tempo de reserva caso me perdesse pelo caminho. Ainda não havia quase ninguém no clube e pedi pra uma senhora que trabalha no bar do clube pra me avisar quando o treinador chegasse.
Foram chegando os jogadores, muitos por sinal. Para quê tanta gente treinando na equipe B?! Mas bem... era um pouco estranho, pois alguns tinham “cara” de quem sabia jogar e outros me pareciam bem pernas de pau. Apesar desta análise ser bem precipitada ela até que funciona algumas vezes. Eu pensava: “caramba, deve ser um grupo bastante heterogêneo e isso não é muito bom pro treino. Mas vou me empenhar aqui, pois voltar pra loucura dos dois toques do outro clube eu não quero”.
Quase na hora de começar o treino, ainda não tinha visto o treinador, os jogadores foram pro vestiário. Falei pra um deles que tinha combinado de treinar mas ainda não tinha visto o treinador pra saber se estava tudo certo, aí ele falou que se estava combinado não tinha problema de eu me trocar e falar com ele depois.
Ao chegar ao vestiário vi duas salas. Entrei logo na primeira, me apresentei, disse que ia “fazer um teste” e comecei a me trocar. Nestas horas ser brasileiro é sempre um bom cartão de visitas. Ao sair do vestiário consegui, finalmente, falar com o treinador que se limitou a dizer pra eu ir pro campo que lá conversávamos.
No campo, tinham dois grupos de jogadores jogando bobinho. Fui logo ao primeiro e pedi pra jogar... lógico que fui pro bobo, mas fui bem recebido.
No meio do jogo, vejo o treinador passando atrás de mim, se dirigindo pro outro grupo e logo começando um aquecimento. Uma das pessoas que estava jogando bobinho do meu grupo parou a brincadeira e puxou o aquecimento. Pensei: “este deve ser um auxiliar, vamos começar o treino separados e depois do aquecimento eu falo com o treinador.”
Durante o aquecimento, que já estava um pouco pesado pra mim, conversava com um dos jogadores quando perguntei qual o nível daquela equipe. O rapaz ia dizendo que era bom, que os jogadores eram boas pessoas, por isso era gostoso de se treinar e jogar com o grupo e que a equipe jogava pela “Tweede Klasse” (referente à quinta divisão nacional). Ai eu perguntei: “Ué! Mas não é que equipe A que joga na Tweede Klaase?”:
- Claro! Esta é a equipe A. Aquela com o treinador Carlos (o que tinha combinado comigo de eu fazer um teste na equipe B) é a equipe B.
Caracas... sete meses sem praticamente jogar e venho logo parar aqui na equipe A. Não que eu achava que não teria nível, mas fisicamente havia uma grande chance de desastre!
Falei com o treinador que eu não tinha percebido que aquela era a equipe A e que tinha combinado com o treinador Carlos de treinar na equipe B. Ele disse que não tinha problema e que eu treinaria mesmo com eles. Como já falei, neste ponto, ser brasileiro é um bom cartão de visitas.
Bem, já que estava na chuva, o negócio era me molhar!!!! Meu coração as vezes vinha na minha boca, mas até que fisicamente não decepcionei. Fiz ainda um belo gol e no final ficou acertado pra eu voltar no próximo treino.
Quando voltei pro vestiário, percebi que todos equeles que tinham treinado comigo, ou seja, que eram da equipe A estavam no mesmo vestiário que eu, ou melhor, que eu estava no vestiário deles.
Fiquei pensando o que aconteceria no Brasil se um jogador desconhecido chega pra treinar num clube, onde há divisão entre as equipes A e B, já entra logo no vestiário da equipe A, depois se convida pra fazer parte da roda de bobos da equipe A e ainda vai treinar... nesta hora, foi melhor não estar no Brasil, pois além de minhas muitas dores musculares, teria também, com certeza, minhas canelas, meus tornozelos e possivelmente algo mais, no mínimo, doloridos! Hahahah
No final das contas... As vezes é bom não pereber as coisas direito... já que, por isto, pulei a etapa de treinar com os pangarés e fui direto pro time principal! Haha
Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
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2 comentários:
fla felipe....
ta batendo um futebol ai é ??
rapaz pra vc ver vc é maior perna de pau ja conseguiu time...!!!
abraço...!!
é seu primo mateus
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