Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.

domingo, 9 de março de 2008

Férias na minha própria casa




Amsterdam 25 de fevereiro de 2008

Faz tempo que não escrevo... desde que cheguei do Brasil me falta um pouco de vontade de escrever. Nem mesmo eu sei direito o motivo. É uma coisa bem interna, eu escrevo pra mim mesmo e meus relatos saem mais por necessidade própria de deixar registrado as coisas que passam pela minha cabeça. Depois de enviar meus emails eu leio e releio as coisas que escrevi. Fica quase tudo bem diferente do que é enviado por mim.
Antes de ir ao Brasil recebi meu pai e meu irmão por aqui. Não era a melhor época pra vir à Holanda. O outono é aqui é muito chuvoso, o que dificulta a fazer turismo. Melhor um dia seco com menos 10 graus que um dia de outono holandês com seus 10 graus e chuva interminável.
Meu pai veio em compania do Daniel. Meu irmão teria uma reunião de trabalho em Amsterdam. Pra quem nunca esteve fora do Brasil, e há apenas um ano frequenta cursos de inglês, ter uma compania destas em sua primeira viagem internacional seria muito bacana.
Meu Pai aproveitou a oportunidade... desembarcou por aqui, debaixo de vários casacos, com muita vontade de conhecer e se comunicar.
Muito além do turismo eu tentei apresentar ao meu Pai um país novo, com uma cultura nova (cultura esta formada por várias culturas) e às pessoas que dividem comigo minha vida por aqui.
As duas semanas se passaram bem rápido, mas foram muito boas, tanto pra mim como pra ele... em junho meu Pai volta, agora já mais confiante, trazendo minha Mãe.
Meu Pai foi embora numa segunda feira. Meu irmão tinha ido uns dias antes, pois tinha que trabalhar. De tão nervoso, por ter que sozinho andar pela imensidão que é o aeroporto de Amsterdam, ele não conseguiu nem se despedir direito... mas não fez mal... alguns dias depois estávamos desembarcando em São Paulo.
Depois de vê-lo tão nervoso na despedida, foi bem engraçado ouvir dele que ele cruzou um peruano completamente perdido no aeroporto e ainda foi guiá-lo antes de pegar seu voo...
Vai aqui em pequeno vídeo... filmado por mim equanto fazia algo de mais rotineiro por aqui, mas que naquele dia era diferente de sempre!

http://br.youtube.com/watch?v=kGnE3tGTvGo

Família grande, festiva e com boas cozinheiras é uma delícia... num final de semana já pudemos reencontrar quase todo mundo, bagunçar um bocado e, eu particularmente, contribuír bastante pros 4 quilos que ganhei num mês.
O gostoso de ficar longe é que chegando em casa somos mimados de montão... eram os bolos do Felipe, as mangas do Felipe, o queijo de nozinho do Felipe, a torta de sonho de valsa do Felipe...

Foi a primeira vez que fui a passeio ao meu próprio país. Estive em lugares antes deconhecidos e em muitos lugares já bastante visitados. Tudo parecia diferente... o bonito ficou mais belo e o feio... pior ainda.
Além da família foram muitos reencontros (ou encontros, com os filhos dos amigos!). Vi pessoas que não via há mais de 10 anos. Estive com aqueles com quem gostaria de estar todos os dias, mas infelizmente não foi possível ver a todos... o tempo é sempre citado como o maior dos problemas.

Ficar um mês de férias é muito bom, chega uma hora que se esquece do “estar de férias” e só se aproveita do que o momento oferece.
Alguns dias antes de voltar pra Holanda estava sozinho na casa, meus pais tinham saído com a Susanne... era meio da tarde e começou a chover... chuva típica do verão... a água caia forte... fui pro quintal. O cheiro da chuva e os pingos batendo na cara me faziam lembrar de quando era criança. De quando jogava bola nas férias em dia de chuva. De quando nunca imaginava ter a possibilidade de fazer tudo o que já fiz...

Vai aqui um link pra um clip com fotos da viagem: http://br.youtube.com/watch?v=1vbFoVSWb0U


Outro dia fui substituir a mãe da Susanne numa partidinha de tênis. Todas as sextas se encontram ela e o pai da Susanne com uma irmã dele e um amigo pra umas raquetadas. Naquele dia era eu com meus 28 anos, dois sub 55 e um sub 65. Mesmo tendo começado a jogar a pouco tempo, perder pra uma dupla com a idade bem mais avançada que a minha nunca é digerido facilmente. Felizmente consegui, acompanhado de meu sogro, vencer a partida... desde que estou aqui já vi muito, hoje acabo compreendendo e aceitando bem quase tudo. Mas ainda há vezes nais quais me demora um pouco a cair a ficha. A outra dupla, era formada por antigos namorados. A tia da Susanne e o amigo tiveram uma longa relação no passado. Hoje ambos vivem com companheiros fixos... mas ainda se cumprimentam com um selinho. O Gerard, depois de terminar com a tia da Susanne, assumiu uma relação homossexual que já dura mais de 20 anos.

Há uns 3 anos um amigo partiu do Brasil pra uma jornada pelo mundo. Com seu espírito livre, e muita coragem, ele está quase terminando sua peregrinação... em alguns dias o Jorge pega um avião de Madrid rumo ao Brasil.
Durante todo esse tempo acompanhei parte de sua caminhada, muito bem descrita em seu site (http://www.espiritolivre.net/). Eu sei que tudo vai virar um livro... vou me orgulhar de meu amigo quando tiver minha cópia de seu livro, principalmente se tiver uma dedicatória. Foram muito bons os anos que convivemos juntos na faculdade.
Hoje vivemos numa realidade bastante diferente, mas por vezes bem parecida.
Infelizmente pros mais curiosos, o final de sua jornada só será publicado quando o livro for impresso. Eu vou esperar pelo livro... mas decidi que vou viver um pouco do final desta grande aventura. Decidi que não queria ver, por mais uma vez, o tempo culpado de uma coisa que não tem a ver com ele. Na quinta chego a Madrid pra compartilhar com o Jorge, na compania do Wally, 18 horas de uma aventura de cerca de três anos.
Vai passar rápido... eu sei. Mas também sei que não me esquecerei jamais!

Jorge e Wally, nos vemos na quinta!

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