Amsteram, 21 de junho de 2007
Há duas semana recebi aqui um grupo de brasileiros, vieram o Ney, amigo da faculdade, e quatro amigos dele. Alguns dormiram aqui em casa, que por ser pequena não comportava todo mundo.
Mais uma vez me perdi pelas ruas e canais de Amsterdam. Pude recontar as histórias sobre a cidade e sobre os holandesas que eu conheço. Os levei pra conhecer minha família. Como é interessante observar as diferenças... e as semelhanças. Eu hoje compreendo os dois lados.
A cada dia que conheço esta cidade, descubro que ainda conheço muito pouco dela. Sempre vejo coisas novas, ouço novas histórias, ou descubro que algumas delas não eram verdade.
Lembram da casa de 1,70 metros de largura?!?!
Pois é... me enganaram! Estava lá, mostrando-a aos meus amigos visitantes quando ouço um holandês gritar, em português (ele nos contou que é casado com uma brasileira), de uma janela na casa ao lado:
- Esta casa engana! Ela é fina assim mas fica larga logo depois. Ela tem na parte do fundo a largura de uma casa normal.
Bem, vi que um narigudo pode entrar sim naquela casa sem se preocupar como pretende sair e que estes holandeses eram mais espertos do que imaginava. Afinal, o cara fez uma casa de 1,70 metros de largura na frente, pagava o imposto sobre isto e desfrutava na parte de trás de uma casa com a largura de uma casa normal. Quem disse que o jeitinho brasileiro é uma invenção brasileira?!
No final da viagem o Ney, o Ernesto, o Vini, o Marcelo e a Patricia não sabiam como agradecer o que proporcionamos e eles por aqui. Mas eles não tinham o que agradecer. Poucos conseguem entender é o quanto é gostoso pra mim, que vivo aqui, receber conterrâneos interessados em conhecer a parte da Holanda que fica pra fora dos CoffeShop’s. É uma maneira deliciosa de matar as saudades do Brasil... é como se um pedaço da montanha viesse ao Maomé.
E tem outra, alguns dias depois eu chegava à casa do Stefano, um amigo italiano dos tempos de Portugal, que vive nos arredores do Roma. A vida é assim... um dia recebemos e no outro somos recebidos.
Passamos o primeiro dia na casa da família dele, em Nettuno. Esta cidade fica a beira do mar... que mar quentinho... depois de sete meses longe de águas quentes me esbaldei no mediterrâneo.
Nettuno foi um ponto estratégico muito importante durante a conquista da Itália pelas tropas aliadas na segunda guerra. Foi algo parecido com o Dia D na costa francesa. A cidade e as pessoas são bastante agradecidas ao que as tropas americas fizeram por elas. Alí foi constuído um dos maiores cemitérios americanos da Europa, onde foram enterrados os combatentes impedidos de voltar pra casa. A conquista americana deixou suas marcas: a pequena cidade tem uma das equipes de baseball mais importante da Europa.
Poucos são os italianos que falam inglês, a família do Stefano não era diferente. Mas isso não foi problema em momento algum. A Susanne catando palavras em portugues ou espanhol que podiam ser melhor percebidas e eu com meu italiano aprendido com os Mezzenga e Berdinazzi das novelas da Globo pudemos compreender e ser compreendidos. Jantamos com eles um jantar típico italiano, com muita massa. Foi minha primeira lasagna genuina de uma mama italiana.
Na massa italiana a massa é o mais importante, nas nossas no Brasil, adicionamos tantas outras coisas, que massa perde um pouco de sua importância. Não há como comparar as duas cozinhas. Elas são bastante diferentes. Se me pedissem pra escolher entre os mesmos pratos, um original e o outro à brasileira... eu pegaria um pedaço de cada.
A Itália é meio confusa como o Brasil, seu transito é louco como o nosso. As pessoas usam carro pra tudo, por isso as ruas são sempre caóticas, ainda mais pela presença das lambretinhas. As pessoas ligam horas depois do horário combinado, chegam atrasadas, mas há grande espontaniedade. Quando nos sentamos pra comer só saímos quando a barriga está pra lá de cheia...
Chegamos a Roma em nosso segundo dia de viagem. Roma é caótica. Roma é história.
Lá, saímos de um metro lotado e damos de frente com o Coliseu. Enquanto mergulhamos pelas ruínas da Roma antiga somos repentinamente trazidos a realidade por mais uma cirene de uma das ambulâncias que parecem não parar nunca.
Muitas praças e igrejas de Roma foram construídas com pedras retiradas dele, fizeram de tudo pra acabar com aquilo... mas ele resistiu. O Coliseu está lá até hoje em meio aquela louca cidade. Estar ali na frente, ou lá dentro é voltar no tempo. Eu sei que as coisas que aconteciam alí eram bárbaras, mas eu vibrava, parecia que dava pra ouvir: Maximus!!! Maximus!!!! Maximus!!!!
A obra romana mais conservada é o Pantheon. Ele perto de seus 2000 anos tem muitas de suas características originais. No começo era um templo a todos os deuses mas depois de “catequizado” se tornou um templo da igreja católica. Parece que esta transformação foi o que impediu que ele, como os outros, fosse depredado. Mas não porque não iam o depredar por ser igreja, mas sim para não virar uma igreja!
Seu teto, uma imensa cúpula com quase 44 metros de diâmetro, ainda é festejado pelo mundo por seu um dos maiores e mais bem conrtuídos da história.
Diferentemente de outras cúpulas, esta tem uma abertura na parte superior, com 9 metros de diâmetro. De lá de dentro, quando olhamos pra cima vemos o céu. Ou seja, se estiver dia bonito vemos céu azul mas se estiver chovendo... segundo meu amigo Stefano, os pingos não caem lá dentro. A história parece ser um mito.
Dizem que a construição foi tão bem feita que lá a chuva não entrava. De uma coisa não há como duvidar... o negócio foi realmente bem feito! Tenho a boca aberta até agora. Não há como negar que os arquitetos e contrutures eram quase mágicos por fazer uma coisa daquele tipo a tanto tempo atrás, mas daí a fazerem uma abertura de 9 metros por onde a água da chuva não passa parecia mágica demais pra mim.
Mesmo depois assistir a um tour digital, seguir alguns guias profissionais, ler nossos dois guias de Roma e não conseguir resposta pra minha pergunta, resolvi usar todo meu italiano e perguntar pra pessoa que melhor poderia saber sobre isso: um dos seguranças do Pantheon.
- Senhore, io posso faire una pergunta?
- Si, claro.
- Que passa quando piove – enquanto apontava a abertura no teto.
A resposta não poderia ser mais elucidativa:
- PIOVE DENTRO!!
Eu pude perceber muito bem que aquele tom de voz dizia também outra coisa: “como são estúpidos estes turistas” haha
Nos encontramos durante estes dias com vários amigos feitos quando vivemos em Portugal. Além do Stefano, mais alguns italianos: Antonio, Alessia, Lizzi e mais duas duas Tchecas, Janna e Lucka. Não houve nada muito planejado, foi tudo muito espontâneo e as vezes rápido. Os abraços de reencontro foram dados pelas pequenas ruas e praças de Roma. Tentávamos por o assunto em dia enquanto caminhávamos em meio aqueles antigos prédios do centro da cidade, ou enquanto comíamos uma pizza ou um macarrão à carbonara. O tempo dava mais uma vez aquele salto mágico... “tudo parecia ter sido ontem, e hoje estamos aqui, tomando um sorvete em frente ao Pantheon.”
Vimos muito, mas deixamos ainda muito de Roma por visitar. Nem o Papa conseguimos ver. Ele resolveu viajar naqueles dias. Os dias se passaram rapidamente. Mas foram intensos e não serão esquecidos...
Eu sempre discutia com amigos italianos sobre qual a melhor pizza do mundo. Agora, finalmente, posso dar uma opnião mais fundamentada... Se os italianos conhecessem catupiry, eu poderia dizer que a pizza deles é melhor que a nossa.
Agora numa coisa não há o que discutir... como é gostoso o sorvete italiano!
Há duas semana recebi aqui um grupo de brasileiros, vieram o Ney, amigo da faculdade, e quatro amigos dele. Alguns dormiram aqui em casa, que por ser pequena não comportava todo mundo.
Mais uma vez me perdi pelas ruas e canais de Amsterdam. Pude recontar as histórias sobre a cidade e sobre os holandesas que eu conheço. Os levei pra conhecer minha família. Como é interessante observar as diferenças... e as semelhanças. Eu hoje compreendo os dois lados.
A cada dia que conheço esta cidade, descubro que ainda conheço muito pouco dela. Sempre vejo coisas novas, ouço novas histórias, ou descubro que algumas delas não eram verdade.
Lembram da casa de 1,70 metros de largura?!?!
Pois é... me enganaram! Estava lá, mostrando-a aos meus amigos visitantes quando ouço um holandês gritar, em português (ele nos contou que é casado com uma brasileira), de uma janela na casa ao lado:
- Esta casa engana! Ela é fina assim mas fica larga logo depois. Ela tem na parte do fundo a largura de uma casa normal.
Bem, vi que um narigudo pode entrar sim naquela casa sem se preocupar como pretende sair e que estes holandeses eram mais espertos do que imaginava. Afinal, o cara fez uma casa de 1,70 metros de largura na frente, pagava o imposto sobre isto e desfrutava na parte de trás de uma casa com a largura de uma casa normal. Quem disse que o jeitinho brasileiro é uma invenção brasileira?!
No final da viagem o Ney, o Ernesto, o Vini, o Marcelo e a Patricia não sabiam como agradecer o que proporcionamos e eles por aqui. Mas eles não tinham o que agradecer. Poucos conseguem entender é o quanto é gostoso pra mim, que vivo aqui, receber conterrâneos interessados em conhecer a parte da Holanda que fica pra fora dos CoffeShop’s. É uma maneira deliciosa de matar as saudades do Brasil... é como se um pedaço da montanha viesse ao Maomé.
E tem outra, alguns dias depois eu chegava à casa do Stefano, um amigo italiano dos tempos de Portugal, que vive nos arredores do Roma. A vida é assim... um dia recebemos e no outro somos recebidos.
Passamos o primeiro dia na casa da família dele, em Nettuno. Esta cidade fica a beira do mar... que mar quentinho... depois de sete meses longe de águas quentes me esbaldei no mediterrâneo.
Nettuno foi um ponto estratégico muito importante durante a conquista da Itália pelas tropas aliadas na segunda guerra. Foi algo parecido com o Dia D na costa francesa. A cidade e as pessoas são bastante agradecidas ao que as tropas americas fizeram por elas. Alí foi constuído um dos maiores cemitérios americanos da Europa, onde foram enterrados os combatentes impedidos de voltar pra casa. A conquista americana deixou suas marcas: a pequena cidade tem uma das equipes de baseball mais importante da Europa.
Poucos são os italianos que falam inglês, a família do Stefano não era diferente. Mas isso não foi problema em momento algum. A Susanne catando palavras em portugues ou espanhol que podiam ser melhor percebidas e eu com meu italiano aprendido com os Mezzenga e Berdinazzi das novelas da Globo pudemos compreender e ser compreendidos. Jantamos com eles um jantar típico italiano, com muita massa. Foi minha primeira lasagna genuina de uma mama italiana.
Na massa italiana a massa é o mais importante, nas nossas no Brasil, adicionamos tantas outras coisas, que massa perde um pouco de sua importância. Não há como comparar as duas cozinhas. Elas são bastante diferentes. Se me pedissem pra escolher entre os mesmos pratos, um original e o outro à brasileira... eu pegaria um pedaço de cada.
A Itália é meio confusa como o Brasil, seu transito é louco como o nosso. As pessoas usam carro pra tudo, por isso as ruas são sempre caóticas, ainda mais pela presença das lambretinhas. As pessoas ligam horas depois do horário combinado, chegam atrasadas, mas há grande espontaniedade. Quando nos sentamos pra comer só saímos quando a barriga está pra lá de cheia...
Chegamos a Roma em nosso segundo dia de viagem. Roma é caótica. Roma é história.
Lá, saímos de um metro lotado e damos de frente com o Coliseu. Enquanto mergulhamos pelas ruínas da Roma antiga somos repentinamente trazidos a realidade por mais uma cirene de uma das ambulâncias que parecem não parar nunca.
Muitas praças e igrejas de Roma foram construídas com pedras retiradas dele, fizeram de tudo pra acabar com aquilo... mas ele resistiu. O Coliseu está lá até hoje em meio aquela louca cidade. Estar ali na frente, ou lá dentro é voltar no tempo. Eu sei que as coisas que aconteciam alí eram bárbaras, mas eu vibrava, parecia que dava pra ouvir: Maximus!!! Maximus!!!! Maximus!!!!
A obra romana mais conservada é o Pantheon. Ele perto de seus 2000 anos tem muitas de suas características originais. No começo era um templo a todos os deuses mas depois de “catequizado” se tornou um templo da igreja católica. Parece que esta transformação foi o que impediu que ele, como os outros, fosse depredado. Mas não porque não iam o depredar por ser igreja, mas sim para não virar uma igreja!
Seu teto, uma imensa cúpula com quase 44 metros de diâmetro, ainda é festejado pelo mundo por seu um dos maiores e mais bem conrtuídos da história.
Diferentemente de outras cúpulas, esta tem uma abertura na parte superior, com 9 metros de diâmetro. De lá de dentro, quando olhamos pra cima vemos o céu. Ou seja, se estiver dia bonito vemos céu azul mas se estiver chovendo... segundo meu amigo Stefano, os pingos não caem lá dentro. A história parece ser um mito.
Dizem que a construição foi tão bem feita que lá a chuva não entrava. De uma coisa não há como duvidar... o negócio foi realmente bem feito! Tenho a boca aberta até agora. Não há como negar que os arquitetos e contrutures eram quase mágicos por fazer uma coisa daquele tipo a tanto tempo atrás, mas daí a fazerem uma abertura de 9 metros por onde a água da chuva não passa parecia mágica demais pra mim.
Mesmo depois assistir a um tour digital, seguir alguns guias profissionais, ler nossos dois guias de Roma e não conseguir resposta pra minha pergunta, resolvi usar todo meu italiano e perguntar pra pessoa que melhor poderia saber sobre isso: um dos seguranças do Pantheon.
- Senhore, io posso faire una pergunta?
- Si, claro.
- Que passa quando piove – enquanto apontava a abertura no teto.
A resposta não poderia ser mais elucidativa:
- PIOVE DENTRO!!
Eu pude perceber muito bem que aquele tom de voz dizia também outra coisa: “como são estúpidos estes turistas” haha
Nos encontramos durante estes dias com vários amigos feitos quando vivemos em Portugal. Além do Stefano, mais alguns italianos: Antonio, Alessia, Lizzi e mais duas duas Tchecas, Janna e Lucka. Não houve nada muito planejado, foi tudo muito espontâneo e as vezes rápido. Os abraços de reencontro foram dados pelas pequenas ruas e praças de Roma. Tentávamos por o assunto em dia enquanto caminhávamos em meio aqueles antigos prédios do centro da cidade, ou enquanto comíamos uma pizza ou um macarrão à carbonara. O tempo dava mais uma vez aquele salto mágico... “tudo parecia ter sido ontem, e hoje estamos aqui, tomando um sorvete em frente ao Pantheon.”
Vimos muito, mas deixamos ainda muito de Roma por visitar. Nem o Papa conseguimos ver. Ele resolveu viajar naqueles dias. Os dias se passaram rapidamente. Mas foram intensos e não serão esquecidos...
Eu sempre discutia com amigos italianos sobre qual a melhor pizza do mundo. Agora, finalmente, posso dar uma opnião mais fundamentada... Se os italianos conhecessem catupiry, eu poderia dizer que a pizza deles é melhor que a nossa.
Agora numa coisa não há o que discutir... como é gostoso o sorvete italiano!
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