Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.

sábado, 5 de dezembro de 2009

hoje eu sou meu Pai


estávamos na casa dos meus avós, em lorena. flamengo x botafogo na tv. estádio lotado, tão cheio que a torcida vazou pelo ladrão.

na entrada da área uma falta pro flamengo. o junior, na verdade leovegildo, se prepara pra bater. Ele disse: "dali ele não perde!"

dito e feito! instantes depois, o junior, com seus 38 anos anos, pula e corre como um garoto.
eu, com um pouco de inveja, O vejo festejando o seu idolo. foi o ultimo campeonato brasileiro pro mengão, num longínquo 1992.


no ano seguinte Ele nos levou pela primeira vez ao morumbi... meu tricolor era o atual campeão do mundo. amistoso para entrega de faixas. do outro lado o sevilla, com maradona e tudo.
foi uma grande festa! uma alegria pra três pequenos sãopaulinos - eu, daniel e alexandre. pra ajudar a secar o corpo da chuva intensa de verão, pulávamos o tempo todo. e Ele pulava com a gente.

Ele sempre tentou disfarçar. mas lá dentro há um fanático torcedor, talvez um pouco da criança que Ele um dia foi. em momentos decisivos, o torcedor é quem manda. me lembro bem de um flaflu, em que Ele, trancado em seu quarto, solitário ouviu o jogo em companhia de seu radinho.

1993, segunda final de libertadores pro meu são paulo. morumbi gelado de inverno. lá estávamos nós: Ele, eu e daniel. aquele time com raí, palhinha, muller, cafu, zetti e companhia fez o placar mais dilatado de uma final de libertadores: 5x1! inesquecível... juntos vibrávamos a cada gol. Ele acabou virando mais um naquela multidão tricolor.

semana passada enquanto "skypeava" com minha mãe, ouvia Ele lá em baixo, vibrando com seu flamengo... me vieram na cabeça as lembranças daquele dia, que por causa de uma inveja boba, nem feliz por Ele eu consegui ficar. me lembrei também da sua cara de tristeza, com o flaflu perdido com um gol de barriga daquele gaúcho.

por muito tempo eu fiquei sem entender direito como poderia um flamenguista como Ele, vibrar assim com o meu próprio time.

hoje pra mim é claro que naquelas vezes no morumbi, Ele não era flamento ou são paulo... Ele era "eu e meu irmão". era por nós que Ele vibrava!

hoje, nas finais do brasileiro, independente do que vier, eu sou meu Pai... o meu Pai é rubro-negro...

hoje nas finais do brasileiro eu sou flamengo!