Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Mais que um jogo

Quando vivi em Portugal, uma família patrícia me acolheu como se dela eu fizesse parte... mas fora daquela casa, não havia o quê me fizesse sentir fazer parte daquilo tudo, sendo um igual no meio deles. Talvez fosse eu mesmo que me via como uma diferente.
Já faz mais de três anos que por aqui estou... meu esforço pra aprender o idioma e entender este país valeram muito a pena. Não me lembro de um momento em que me sinta uma carta fora do baralho. Como já disse um amigo: "pra mim você é um holandês que fala meio diferente".
Era final da EUFA Cup... Porto x Celtic, da Escócia. Muitos amigos, internacionais e brasileiros, iriam assistir ao jogo juntos. Decidi sair sozinho. Da avenida dos Aliados gritávamos todos: Puuuoooorrrtooo!! Não se importaram de onde vinha, acho se quer repararam em meu sotaque. Não os achei desconfiados... Fiz mais contato com eles por ali, naqueles 90 minutos, do que no resto do tempo que fiquei por lá.
O convite foi feito: "o jogo começa as 20.30h... traga sua bebida e seja bem vindo, desde que você não torça pros de vermelho!!" Vários amigos apareceram e, como combinado, a torcida foi pro Brasil... houve porém diversão com o sufoco alheio, ainda mais sendo a Corea do Norte a pressionar um penta campeão! Apesar da amizade, uma tal rivalidade aparecia, principalmente entre os boleiros holandeses e o brasileiro. O nosso futebol ainda faz muito sucesso por aí, mas tenho certeza que não seriam apenas os argentinos a sorrir com nossa derrota... "se a gente for hexa vocês vão ter que me aturar!!!!"
Que poder tem este jogo: um dia nos faz iguais... no outro, transforma os amigos em grandes rivais.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Senhor bandeira...

Aqui cada time leva um bandeira... o deles tinha acabado de anular um gol meu. Nada de complicado: num rebote do goleiro eu botei pra dentro. Mas ele estava lá, com bem mais de trinta em cada perna, levantando seu objeto de trabalho. Não seria minha glória, mas seria o 2x2.
Alguns minutos depois fui substituído... parei perto do alambrado pra conversar com amigo, que tinha saído antes de mim.
Sua resposta confirmou o que eu já sabia: não estava impedido!
Dois senhores, provavelmente com a mesma idade do bandeira, se divertiam com o meu lamento.
- senhores, eu estava impedido ou não?
Enquanto um balançava negativamente a cabeça o outro disse:
- você não estava impedido... mas só por bem pouquinho - em seguida uma longa risada.
- poxa... mesmo com este tanto de gente boa aí o bandera de vocês ainda dá uma ajudinha?!?!
- pois é, tá vendo aquele aí, o número 5. É meu filho, já jogou no Ajax e no Barcelona...
Algum tempo depois um deles me pergunta:
- você por acaso é belga?
- não senhor.
- de onde você vem então? Não reconheço o seu sotaque.
- se o bandeira dos senhores não tivesse anulado o meu gol eu teria comemorado assim... imetei a comemoração do Bebeto contra a Holanda em 94.
- hahaha... você é brasileiro! As pessoas aqui não esquecem do Bebeto.
- pois saiba que eu joguei contra o Pelé. Aqui no estádio olímpico de Amsterdam. E nós ganhamos de 1x0! - todo orgulhoso.
- e eu apitei aquele jogo - disse o outro.
- ah... e senhor deveria ter um bandeira com este - o bandeira acabava de cruzar a nossa frente.
- eles riam...
- bandeira! estes senhores aqui estão me dizendo que o senhor se equivocou quando anulou o meu gol.
- os dois continuava rindo...
Ele parou, olhou pra'queles dois e disse:
- estes aí... estes dois... eles não sabem de nada!
A risada foi geral...
terça-feira, 6 de abril de 2010
A minha glória
Contra-ataque pro nosso time. Recebo a bola em velocidade... um marcador vem em minha direção. Com um corte seco, ele - que não é qualquer um - cai. Eu conduzo a bola mais um pouco.
Logo ao cruzar a linha da grande área, um pouco a esquerda da meia lua, vejo um companheiro livre perto da marca do penalty.
Ele grita quase desesperado: Passa a bola Felipe!!!!
A chuva caia forte, o campo todo elameado... o tempo meio que parou:
- Acabei de deixar meu marcador no chão. Ainda mais ele, que há muitos anos quase me faz agonizar. E enquanto eu quase agonizava, vocês todos pulavam de alegria! Se tem alguém que vai fazer este gol, esse alguém sou eu!"
A noite era fria. A multidão se esqueceu de São João e se enfiou naquele galpão velho pra torcer pra um baixinho. Com meus 14 anos sofri feito um coitado, ainda mais quando ele - que agora ainda tenta se levantar - marcou aquele gol... Em hipótese alguma, eu passaria aquela bola.
Pro desespero de meu colega, ele viu um chute sair cruzado... Seria a minha glória!
Felizmente, tínhamos o Branco, e ele fez daquela noite fria uma grande festa... Infelizmente, não sou melhor do que sou e a minha bola não foi pra onde eu queria...
Pra ser sincero, não me importo muito em ter perdido aquele gol, ou mesmo que nós tenhamos perdido com um gol no finalzinho... a lembrança do Aron Winter caído no chão e o prazer em enfrentar aqueles que, até outro dia, jogavam em outros campos (Barcelona, Inter de Milão, Lazio, Bordeaux, Ajax, entre outros) vale mais que qualquer coisa.
Logo ao cruzar a linha da grande área, um pouco a esquerda da meia lua, vejo um companheiro livre perto da marca do penalty.
Ele grita quase desesperado: Passa a bola Felipe!!!!
A chuva caia forte, o campo todo elameado... o tempo meio que parou:
- Acabei de deixar meu marcador no chão. Ainda mais ele, que há muitos anos quase me faz agonizar. E enquanto eu quase agonizava, vocês todos pulavam de alegria! Se tem alguém que vai fazer este gol, esse alguém sou eu!"
A noite era fria. A multidão se esqueceu de São João e se enfiou naquele galpão velho pra torcer pra um baixinho. Com meus 14 anos sofri feito um coitado, ainda mais quando ele - que agora ainda tenta se levantar - marcou aquele gol... Em hipótese alguma, eu passaria aquela bola.
Pro desespero de meu colega, ele viu um chute sair cruzado... Seria a minha glória!
Felizmente, tínhamos o Branco, e ele fez daquela noite fria uma grande festa... Infelizmente, não sou melhor do que sou e a minha bola não foi pra onde eu queria...
Pra ser sincero, não me importo muito em ter perdido aquele gol, ou mesmo que nós tenhamos perdido com um gol no finalzinho... a lembrança do Aron Winter caído no chão e o prazer em enfrentar aqueles que, até outro dia, jogavam em outros campos (Barcelona, Inter de Milão, Lazio, Bordeaux, Ajax, entre outros) vale mais que qualquer coisa.
quinta-feira, 25 de março de 2010
tecla sap
Normalmente, quando eles começam a falar, eu ligo o botão do português. Já estou no meu quarto treinador desde que cheguei por aqui. Eu sei que pode ser, em grande parte, minha prória culpa, mas até agora nenhum deles me cativou profissionalmente. Os cara falam, gesticulam, se empolgam, dão conselhos e eu... apenas finjo que escuto. Por vezes, quando percebo que tá todo mundo concordando, dou uma balançadinha na cabeça também.
Infelizmente não é sempre que eu consigo me desligar. Com o passar do tempo por aqui, fica cada vez mais difícil não compreender o holandês, mesmo quando eu quero. Ai, algumas vezes me deparo com algumas pérolas.
Naquele dia o entusiasmo do treinador era tanto, durante um dos intermináveis treinos de passe, que a tecla sap aqui de minha cabeça não funcionou... mesmo sem eu querer o modo voltou pro holandês
- pro passe sair bom, vocês devem fazer um movimento preparatório - ele ia e vinha... vocês têm que chegar à bola com velocidade! Mas sem esquecer o equilíbrio. O joelho da perna de apoio deve estar um pouco flexionado. A batida na bola tem que ser com força! - numa bola imaginária ele imitava a realização de um passe.
Eu quis rir... felizmente nem todas as pérolas me irritam! Mas se há uma coisa que eu não preciso é alguém querendo me ensinar dar um passe, ou um cruzamento, ou a dominar uma bola... Não digo que eu não possa melhorar nestas coisas, até que poderia, mas no alto de meus 30 anos eu quero mesmo é bater minha bolinha. Tudo o que está entre o calçar das chuteiras e o jogo... atrapalha, inclusive o treinador.
Pode parecer loucura, mas eu trocaria com certeza o campo branquinho aí de cima por um treinador menos empolgado.
sábado, 30 de janeiro de 2010
sábado, 5 de dezembro de 2009
hoje eu sou meu Pai

estávamos na casa dos meus avós, em lorena. flamengo x botafogo na tv. estádio lotado, tão cheio que a torcida vazou pelo ladrão.
na entrada da área uma falta pro flamengo. o junior, na verdade leovegildo, se prepara pra bater. Ele disse: "dali ele não perde!"
dito e feito! instantes depois, o junior, com seus 38 anos anos, pula e corre como um garoto.
eu, com um pouco de inveja, O vejo festejando o seu idolo. foi o ultimo campeonato brasileiro pro mengão, num longínquo 1992.
no ano seguinte Ele nos levou pela primeira vez ao morumbi... meu tricolor era o atual campeão do mundo. amistoso para entrega de faixas. do outro lado o sevilla, com maradona e tudo.
foi uma grande festa! uma alegria pra três pequenos sãopaulinos - eu, daniel e alexandre. pra ajudar a secar o corpo da chuva intensa de verão, pulávamos o tempo todo. e Ele pulava com a gente.
Ele sempre tentou disfarçar. mas lá dentro há um fanático torcedor, talvez um pouco da criança que Ele um dia foi. em momentos decisivos, o torcedor é quem manda. me lembro bem de um flaflu, em que Ele, trancado em seu quarto, solitário ouviu o jogo em companhia de seu radinho.
1993, segunda final de libertadores pro meu são paulo. morumbi gelado de inverno. lá estávamos nós: Ele, eu e daniel. aquele time com raí, palhinha, muller, cafu, zetti e companhia fez o placar mais dilatado de uma final de libertadores: 5x1! inesquecível... juntos vibrávamos a cada gol. Ele acabou virando mais um naquela multidão tricolor.
semana passada enquanto "skypeava" com minha mãe, ouvia Ele lá em baixo, vibrando com seu flamengo... me vieram na cabeça as lembranças daquele dia, que por causa de uma inveja boba, nem feliz por Ele eu consegui ficar. me lembrei também da sua cara de tristeza, com o flaflu perdido com um gol de barriga daquele gaúcho.
por muito tempo eu fiquei sem entender direito como poderia um flamenguista como Ele, vibrar assim com o meu próprio time.
hoje pra mim é claro que naquelas vezes no morumbi, Ele não era flamento ou são paulo... Ele era "eu e meu irmão". era por nós que Ele vibrava!
hoje, nas finais do brasileiro, independente do que vier, eu sou meu Pai... o meu Pai é rubro-negro...
hoje nas finais do brasileiro eu sou flamengo!
domingo, 17 de maio de 2009
Mais um...

Há cerca de dois anos e meio eu escrevia um email que enviaria ao Brasil, no qual falava da oportunidade de poder treinar num clube amador de futebol daqui. Eu terminava o email da seguinte maneira:
"Vamos ver como vou me sair... se for bem, vou começar a treinar constantemente e quem sabe possa até disputar os campeonatos amadores por aqui... seria gostoso voltar a jogar. Seria bom também conhecer mais gente, falar mais holandês, entre outros.
Bem, vou indo por aqui!"
Eu acabei conseguindo treinar em dois clubes. O primeiro ficava, com a magrela, a cinco minutos de casa. Fui muito bem recebido, era uma equipe com gente bacana, na maioria pessoas de origem estrangeira, como se diz por aqui: "não holandeses". Como eu.
Pro segundo, do outro lado da cidade, tinha que pedalar 35 minutos. Voltar de lá, depois do primeiro treino, já sem pernas e com o frio da última semana de outono não foi nada animador. A aquipe era formada apenas por holandeses. Ali, o único "não holandês" seria eu.
Ambos os treinadores pediram pra eu voltar. Não foi difícil escolher... os 35 minutos de bicicleta depois do treino passaram a fazer parte de minha rotina.
Não foi fácil ficar por lá. Meu corpo não estava mais acostumado a dois treinos e um jogo semanais. Em meu primeiro ano tive mais lesões que em todos os outros anos de minha vida. Tendinites, torções e estiramentos me acompanhavam naquelas noites geladas na volta pra casa.
Eu já me comunicava bastante bem em holandês, mas entender o treinador durante os treinos era tarefa árdua. Participar ativamente das conversas de bar depois do jogos impossível. Na maioria das vezes dava vontade de sair de fininho... me perguntava se alguém iria perceber. Mas eu me segurava e ficava no meio deles o maior tempo possível.
Não é fácil chegar de fora num grupo ou sociedade já formados e vir a fazer ativamente parte deles. Felizmente pude aprender que quem tem que dar o primeiro passo somos nós, e que depois do primeiro passo, vem o segundo, o terceiro, o quarto e assim por diante. A caminhada é longa.
Depois de dois anos e meio, eu tenho absoluta certeza que a minha opção pelo clube no qual eu seria o diferente (o "não holandês") foi a melhor possível. Hoje enfrento bem melhor os problemas encontrados, tenho certeza que perceberiam se eu saísse de fininho de alguma roda, sou convidado pra aniversários e casamentos. Fiz amigos que me ajudaram a compreender melhor o modo de vida holandês.
Depois de mim, outros "não holandeses" chegaram ao clube. Ambos de origem marroquina, porém nascidos na Holanda. O primeiro não se adaptou muito bem ao clube e no meio da temporada nos abandonou. O segundo, Youssef, conseguiu se adaptar um pouco melhor, mas mesmo assim preferiu procurar outro time pra jogar ano que vem.
Ontem, logo depois de nosso úlitmo jogo ainda no campo, perguntaram, meio que criticando, por que ele procurou outro time pro ano que vem... afinal acreditamos ser um time tão bacana.
- Mas eu, pelo menos, sou o primeiro "não holandês" a terminar uma temporada neste clube! - disse ele, meio que fugindo da pergunta, antes de ir pro vestiário.
Alguns concordaram e ainda se disseram impressionados com o esforço que ele tinha feito pra se integrar.
- Como assim, o Youssef é o primeiro "não holandês" a terminar uma temporada com a gente? - eu perguntei.
- Você não se lembra daquele outro "marroquino", o Adil, que ano passado largou o time no meio do campeonato?
- Claro que me lembro, mas parece que vocês se esqueceram que faz dois anos e meio que eu jogo por aqui.
Depois de algumas risadas, um deles diz:
- Mas pra gente você é um holandês que fala com um sotaque meio diferente!!
Pra mim, eu continuo um brasileiro... feliz por saber que depois de uma longa caminhada cheguei onde queria. Ser apenas mais um.
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domingo, 22 de março de 2009
Pai e filho

Um dia desses, ao sair do trabalho vi daquelas cenas bacanas que faz a maioria dos homens, ainda sem filhos, sonhar com os seus... e a maioria dos pais, com crianças crescidas, lembrarem de quando eles eram pequenos,
Pai e filho, aproveitavam o sol da última semana de inverno e se divertiam na praça. Por vezes o pai mostrava algumas coisas e o filho tentava, na maioria delas em vão, imitar. Já por outras duelavam um contra o outro.
Num mercado próximo, fui buscar algumas coisas pra comer. Me sentei na praça e enquanto comia, me divertia um pouco vendo aqueles dois.
Muitos dos que passavam viam lá algo especial, alguns como eu, também pararam para ver. Um senhor se aproximou um pouco mais e assistia aquilo feliz como uma criança. Talvez ele, como eu, ria da tarefa árdua daquele muleque. Afinal, jogar contra um pai daquele é covardia!
Como meu lanche tinha se acabado e o meu futebol me esperava, peguei minha bicicleta e dali parti.
Parti com vontade de ficar e, talvez... quem sabe, tentar ajudar o garoto a ganhar uns duelos contra o pai - ninguém mais ninguém menos que Ruud Gullit.
Pai e filho, aproveitavam o sol da última semana de inverno e se divertiam na praça. Por vezes o pai mostrava algumas coisas e o filho tentava, na maioria delas em vão, imitar. Já por outras duelavam um contra o outro.
Num mercado próximo, fui buscar algumas coisas pra comer. Me sentei na praça e enquanto comia, me divertia um pouco vendo aqueles dois.
Muitos dos que passavam viam lá algo especial, alguns como eu, também pararam para ver. Um senhor se aproximou um pouco mais e assistia aquilo feliz como uma criança. Talvez ele, como eu, ria da tarefa árdua daquele muleque. Afinal, jogar contra um pai daquele é covardia!
Como meu lanche tinha se acabado e o meu futebol me esperava, peguei minha bicicleta e dali parti.
Parti com vontade de ficar e, talvez... quem sabe, tentar ajudar o garoto a ganhar uns duelos contra o pai - ninguém mais ninguém menos que Ruud Gullit.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Viva a desobediência - II
Saiu no "Parool", jornal de circulação municipal aqui de Amsterdam um dia depois da nossa primeira partida do campeonato, na seção de Futebol Amador. Amanha vamos pro nosso quarto jogo.
Este ano eu me considero um pouco mais desobediente...
A gastronomic story

Segunda feira, perto da 8 da noite. Sempre pedalando do trabalho pra mais um treino com meu time de futebol.
Eu vou sempre direto do trabalho pro treino. Na segunda, quase sempre sem muita vontade. As pernas estão ainda meio pesadas do jogo do sábado, dores musculares ainda presentes, isso quando não há algo mais doendo. Depois, só chego em casa bem tarde, passando das 11 da noite.
Na segunda eu saio do trabalho umas 7h, como num restaurante indonesiano e pedalo pro clube. Vou sempre devagar, fazendo a digestão... com aquela moleza que dá quando estamos de barriga cheia.
Amsterdam nesta hora é uma loucura, todo mundo saindo do trabalho, quase todo mundo com pressa... mas eu, na segunda, vou sempre devagar. Desta vez, no meio do caminho cruzo em poster colado numa parede. "Estômago" estava escrito nele. Mas o que me chamou atenção foi o aquele garfo de filme de terror. Continuei meu caminho, aproveitando do que restava de minha tranquilidade antes da correria do treino começar.
Na quarta pedalo sempre mais depressa. Saio do trabalho as 6:15h. Tenho pouco tempo pra comer e estar em campo as 7h. Faço o mesmo caminho mais ligado. Chego pra treinar até com mais vontade! De comer pouco pra não ficar de barriga cheia, as vezes treino até com um pouco de fome.
Nesta quarta, cruzo mais uma vez o tal garfo. "Caramba! Estômago é português!" Mesmo com o tempo apertado paro pra ver o cartaz:
- Vencedor de vários prêmios, inclusive no festival de cinema de Rotterdam.
- Atores pra mim desconhecidos, a excessão do Paulo Miklos que faz uma participação especial.
- Em cartaz desde 4 de setembro em algumas salas de Amsterdam.
Sexta feira, 9:45 da noite, estávamos eu e a Susanne numa sala de um cinema por aqui. Foi muito bacana! Nós dois gostamos muito.
Só ainda não entendi a diferença do cartaz brasileiro pro internacional... mas bem, felizmente, ele chamou a minha atenção. "Estômago - A gastronomic story" sugiro!
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Viva a desobediência

Jogo futebol desde muleque. Mesmo tendo treinado em vários lugares quando criança, considero que o que aprendi de melhor foi na rua. Onde jogava o dia todo. O conselho mais importante de todos veio de meu pai, ao ver que tinha emprestado o pé direito de meu tênis pra um amigo que chegara descalço pra pelada:
- Por que você emprestou seu seu tênis pra ele?
- É que ele chuta com a direita e eu com a esquerda, assim nós dois podemos chutar!
- Pois, calce seu tênis no pé direito e comece a chutar com ele também...
Desde que cheguei por aqui tenho treinado com uma equipe da terceira divisão amadora da Holanda. Com apenas duas divisões profissionais, é possível dizer que este é o quinto nível do futebol holandês, que mesmo regionalizado apresenta um nível técnico bastante bom.
O jogo por aqui, seja na primeira divisão profissional ou na terceira amadora, é uma correria. Quando um holandês assiste um jogo brasileiro ele diz que chega a ter sono, pois “jogamos em camera lenta”. A regra aqui é passar a bola. Não dar o terceiro toque é quase uma obrigação. Também há a questão relacionada a saúde: o terceiro toque na bola é muitas vezes acompanhado de um carrinho, principalmente quando estamos de costas pro marcador – que saudades dos campos secos e duros do Brasil inibidores de carrinhos dispensáveis. Não sou fominha, nem fazedor de truques, só que por vezes me encho de ficar jogando a dois toques e fico com a bola uns segundos a mais que o normal (por aqui). Sábado passado não tínhamos sequer jogado 30 minutos de uma partida amistosa quando meu treinador me sacou: “Você ia acabar machucado!”. Hoje posso reconher o quanto é difícil pra um jogador brasileiro se adaptar num outro país. Sinto isso a cada treino... acada jogo.
Por vezes fico frustrado por não jogar como eu gostaria. Sendo um pouco melhor seria ainda mais desobediente. Mandaria com mais frequência os dois toques pra'quele lugar (mas não posso negar que as vezes ele é muito importante e que aprendi bastante jogando por aqui). Ao ser questionado pelo treinador ou por meus colegas, por querer ficar com a bola, segundo eles, por tempo demais, poderia dizer: “futebol não é assim ou assado... futebol é bola na rede!”. Poderia deixar com maior frequência os zagueiros falando sozinhos. Meus tornozelos não sofreriam tanto... Infelizmente não sou melhor que sou, mas felizmente continuo desfrutando de correr atrás de uma bola (mesmo dando mais passes de primeira que gostaria), sem falar das intermináveis discussões e análises no bar do clube depois dos jogos, daquela dorzinha muscular do dia seguinte e de tudo que vive um boleiro amador.
Hoje percebo que meus conterrâneos que deram certo por aqui podiam fazer no jogo tudo aquilo que eu gostaria, eram desobedientes de boca cheia... o mais interessante é que vários dos melhores jogadores holandeses que conheço parecem não ter aprendido a jogar de acordo com as regras daqui. Por isso acho engraçada a idolatria por este modelo, por esta cartilha.
Hoje continuo vendo a Holanda como um país formador de muitos jogadores, mas acredito que eles só são o que são, pois são (ou foram) desobedientes e não seguem (ou seguiram) com frenquência as regras exigidas por aqui.
Gullit e Rijkaard: filhos de imigrantes. Cresceram jogando futebol nas ruas de Amsterdam. Local preferido: uma praça aqui perto de casa.
Seedorf e Davids: nascidos no Suriname, imigraram pra Holanda quando crianças, tenho certeza que as ruas e os Guetos daqui foram suas maiores escolas.
Cruijff: Maior nome da história do futebol Holandês, também crescido em Amsterdam. Afirma constantemente que as crianças devem jogar mais futebol na rua, pois na rua são feitos os jogadores. Se dispôs ano passado a liderar um grupo de trabalho pra tentar tirar o Ajax do limbo que o clube se encontra. Uma de suas grandes ambições era remodelar toda a escola de formação de jogadores do clube. Seu plano não foi aprovado pelo futuro treinador do Ajax, Van Basten.
Van Basten: Atual treinador da seleção. Pelas discussões que acompanhei sobre o caso envolvendo o Cruijff e Ajax, acho que ele segue a cartilha (Toda regra deve ter sua excessão). Mas talvez seja por isso que teve muitos problemas com vários jogadores da seleção (ou que fizeram parte dela): Seedorf, Davids, van Bommel, Nistelrooy, Kluivert...
domingo, 9 de março de 2008
Bonequinha vermelha
Amsterdam, 06 de fevereiro 2007
Olá pra Todos,
Viver num outro país que fale um outro idioma é bastante interessante. Cada dia que passamos imérsos neste mar de palavras estranhas nos sentimos menos “sufocados”… lembro-me de algumas vezes que chegou a dar desespero. Estar num grupo, ver a expressão das pessoas, os risos, as caras de espanto, momentos de silêncio pra reflexão sobre algo que foi dito, enquanto nós ficamos sempre em silêncio refletindo sobre qual o assunto da conversa não é das sensações mais agradáveis…e algumas vezes dá vontade de gritar!
Felizmente, muito felizmente isso já não acontece comigo. Me vejo cada vez mais participante das coisas. Sinto que as pessoas aqui começam a me conhecer agora!
Este final de semana fui à festa da aniversário do avô materno da Susanne… o velhinho é uma figuraça e merece todas as comemorações possíveis por seus 95 anos de vida.
A festa foi grande, a família se reuniu na casa de um dos filhos, com muita comida, várias homenagens ao aniversáriante e muita gente! Estas ocasiões são um verdadeiro teste pro quanto eu consigo me comunicar e compreender o holandês. Posso dizer que me saí muito bem.
Porém, nem tudo é um mar de rosas. Lá pelo meio da festa quando já me sentia muito confiante resolvi conversar com uma priminha da Susanne… priminha mesmo… com uns 4ou 5 anos. Ela é uma das filhas do dono da casa.
Tudo estava indo bem, até o momento que ela me perguntou:
- Kun jij die rode poptje voor mij paken?
A tradução literal seria (o idioma aqui parece todo ao contrário quando a gente o vê com uma lógica latina):
- Kun jij (pode você) die rode poptje (aquele vermelho “o que será poptje?!?!”) voor mij paken (para mim pegar)?
Equanto ela perguntava, eu vi um pequenino dedo indicador apontado pra uma estante cheia de brinquedos. Eu não fazia a menor idéia do que era poptje, mas sabia que era vermelho e que deveria ser um dos brinquedos daquela estante.
- Deze? – tem que ser este… tem que ser este
- Nee… Die rode poptje. – ela deve achar que estou brincando…
- Deze? – errar uma tudo bem, mas desta não pode passar!
- Nee! Die rode poptje! – acho que ela já percebeu que não estou brincando.
- Deze? – errar a terceira será demais.
- NEE!!! Die rode poptje!!! – definitivamente ela já percebeu que não é brincadeira.
- Deze? – dessa não pode passar
- NEE!!!! DIE RODE POPTJE!!!! – ela deve estar achando que sou um burro
- Deze? Se eu errar desta vez ela vai com certeza se perguntar o que a prima dela viu neste homem tão burro que não sabe o que é um poptje!!!
- Ja… die is mijn rode poptje. Ufa!
Por que será que ela pegou aquela bonequinha vermelha e foi brincar em outro lugar?!
Depois desta nada mais justo que começar a estudar holandês de verdade… decidi não esperar o curso que ganharei quando receber meu visto de residência e semana que vem vou começar a tomar umas aulas particulares!
No final de semana também fui assistir a um jogo de futebol dos juniores do Ajax contra os juniores do NEC (clube onde estagiei aqui na Holanda das outras vezes). Queria, além de assitir ao jogo, reencontrar alguns dos treinadores que conheço por aqui.
Durante o jogo conversei um bocado com um treinador do Ajax que trabalhava no NEC quando estive por lá… quando o jogo acabou, que pra surpresa de todos teve o Ajax como perdedor, conversei com mais alguns treinadores e fui me despedir do treinador do Ajax. Quando me aproximei dele ele estava conversando com uma outra pessoa. Durate nosa conversa, eu me perguntava se já não conhecia aquele outro homem de algum lugar. Mas bem, devia ter sido das vezes que me meti dentro do Ajax pra ver treinos e tentar conhecer pessoas.
Logo depois quando já estava saíndo do clube ouço alguém dizer: o Dany Blind está aqui! Caracas… eu estive ao lado de uma das grandes lendas do futebol holandês e nem me dei conta. Ele foi por exemplo capitão do Ajax da ultima vez que o Ajax conquistou a Copa dos Campeões da Europa. Torneio de clubes de futebol mais importante que existe. Seria o mesmo que estar ao lado do Zico no Brasil e não dar conta…
Por mais que eu ache que já estou bem introduzido no meio de vida holandês, por vezes eu percebo, ou uma crinacinha de 4 anos me mostra, que falta muito ainda! Hahaha
Olá pra Todos,
Viver num outro país que fale um outro idioma é bastante interessante. Cada dia que passamos imérsos neste mar de palavras estranhas nos sentimos menos “sufocados”… lembro-me de algumas vezes que chegou a dar desespero. Estar num grupo, ver a expressão das pessoas, os risos, as caras de espanto, momentos de silêncio pra reflexão sobre algo que foi dito, enquanto nós ficamos sempre em silêncio refletindo sobre qual o assunto da conversa não é das sensações mais agradáveis…e algumas vezes dá vontade de gritar!
Felizmente, muito felizmente isso já não acontece comigo. Me vejo cada vez mais participante das coisas. Sinto que as pessoas aqui começam a me conhecer agora!
Este final de semana fui à festa da aniversário do avô materno da Susanne… o velhinho é uma figuraça e merece todas as comemorações possíveis por seus 95 anos de vida.
A festa foi grande, a família se reuniu na casa de um dos filhos, com muita comida, várias homenagens ao aniversáriante e muita gente! Estas ocasiões são um verdadeiro teste pro quanto eu consigo me comunicar e compreender o holandês. Posso dizer que me saí muito bem.
Porém, nem tudo é um mar de rosas. Lá pelo meio da festa quando já me sentia muito confiante resolvi conversar com uma priminha da Susanne… priminha mesmo… com uns 4ou 5 anos. Ela é uma das filhas do dono da casa.
Tudo estava indo bem, até o momento que ela me perguntou:
- Kun jij die rode poptje voor mij paken?
A tradução literal seria (o idioma aqui parece todo ao contrário quando a gente o vê com uma lógica latina):
- Kun jij (pode você) die rode poptje (aquele vermelho “o que será poptje?!?!”) voor mij paken (para mim pegar)?
Equanto ela perguntava, eu vi um pequenino dedo indicador apontado pra uma estante cheia de brinquedos. Eu não fazia a menor idéia do que era poptje, mas sabia que era vermelho e que deveria ser um dos brinquedos daquela estante.
- Deze? – tem que ser este… tem que ser este
- Nee… Die rode poptje. – ela deve achar que estou brincando…
- Deze? – errar uma tudo bem, mas desta não pode passar!
- Nee! Die rode poptje! – acho que ela já percebeu que não estou brincando.
- Deze? – errar a terceira será demais.
- NEE!!! Die rode poptje!!! – definitivamente ela já percebeu que não é brincadeira.
- Deze? – dessa não pode passar
- NEE!!!! DIE RODE POPTJE!!!! – ela deve estar achando que sou um burro
- Deze? Se eu errar desta vez ela vai com certeza se perguntar o que a prima dela viu neste homem tão burro que não sabe o que é um poptje!!!
- Ja… die is mijn rode poptje. Ufa!
Por que será que ela pegou aquela bonequinha vermelha e foi brincar em outro lugar?!
Depois desta nada mais justo que começar a estudar holandês de verdade… decidi não esperar o curso que ganharei quando receber meu visto de residência e semana que vem vou começar a tomar umas aulas particulares!
No final de semana também fui assistir a um jogo de futebol dos juniores do Ajax contra os juniores do NEC (clube onde estagiei aqui na Holanda das outras vezes). Queria, além de assitir ao jogo, reencontrar alguns dos treinadores que conheço por aqui.
Durante o jogo conversei um bocado com um treinador do Ajax que trabalhava no NEC quando estive por lá… quando o jogo acabou, que pra surpresa de todos teve o Ajax como perdedor, conversei com mais alguns treinadores e fui me despedir do treinador do Ajax. Quando me aproximei dele ele estava conversando com uma outra pessoa. Durate nosa conversa, eu me perguntava se já não conhecia aquele outro homem de algum lugar. Mas bem, devia ter sido das vezes que me meti dentro do Ajax pra ver treinos e tentar conhecer pessoas.
Logo depois quando já estava saíndo do clube ouço alguém dizer: o Dany Blind está aqui! Caracas… eu estive ao lado de uma das grandes lendas do futebol holandês e nem me dei conta. Ele foi por exemplo capitão do Ajax da ultima vez que o Ajax conquistou a Copa dos Campeões da Europa. Torneio de clubes de futebol mais importante que existe. Seria o mesmo que estar ao lado do Zico no Brasil e não dar conta…
Por mais que eu ache que já estou bem introduzido no meio de vida holandês, por vezes eu percebo, ou uma crinacinha de 4 anos me mostra, que falta muito ainda! Hahaha
Feliz Ano Novo
Amsterdam, 08 janeiro de 2007
O ano já começou… muitos já voltaram a trabalhar… meu Pai já fez mais um aniversário… eu já fiz meu primeiro jogo em minha equipe… muitas coisas já acontecerem, mas acredito que ainda é tempo de dizer: FELIZ ANO NOVO!
As festas de final de ano aqui foram bem gostosas. Os dois dias de Natal foram bem agradáveis, com muita comida e um pouco daquela gostosa confusão que acompanha os tradicionais Natais da minha família no Brasil.
No Ano Novo eu a Susanne, mesmo tendo alguns convites pra algumas festas, com muita gente, comida, bebida e tudo mais que uma boa festa de ano novo tem direito, resolvemos ficar em Wehl e aproveitamos o feriado sozinho. Todos da família dela tinha planos diferentes pro final de semana. Nós queríamos aproveitar de nós mesmos… Já estou aqui há quase um mês e meio mas como ficamos 7 meses distantes um do outro, nada poderia ser melhor que ter todo tempo pra nós mesmos.
Uma das coisas que fizemos foi ir à sauna juntos. Bem, sauna aqui significa muito mais que aí no Brasil. Quando vamos à sauna aqui vamos a um grande parque aquático, com piscinas, banheiras de hidromassagem, restaurante, camaras de bronzeamento artificial, diferentes tipos de saunas secas ou a vapor, massagistas… A gente fica quase o dia todo por lá… chegamos a uma da tarde e saímos as 6:30h. Algumas curiosidades: há somente um vestiário (homens e mulheres compartilham o mesmo espaço) e ninguém usa roupas de banho… ou seja, fica todo mundo pelado mesmo!
Pode parecer meio estranho… mas passando o primeiro momento de choque é bem gostoso desfrutar do lugar do jeito que viemos a esse mundo! Haha
Pra muitos pode ser uma grande aventura ir a uma sauna por aqui, cheio de loiras com tudo a mostra, mas tenho que dizer que somos obrigados a ver coisas não muito bonitas também. Quando estávamos no vestiário, nos arrumando pra ir embora, uma senhora, com umas dezenas de quilos a mais, exatamente à nossa frente resolveu se abaixar pra pegar alguma coisa… AAAHHHHHH… é até perigoso me lembrar do que vi…
A passagem do ano comemoramos na casa dos pais dela mesmo, dentro a banheira na compania de velas e uma garrafa de champange. Bebi umas 4 taças e fiquei com as pernas meio bambas. À meia noite abrimos a janela e acompanhamos dalí os fogos de artifício pela cidade.
Aqui na Holanda, fogos de artifício só são permitidos no ano novo. É tudo muito organizado, as pessoas preenchem formulários com alguns dias de antecedência, pagam a conta e vão buscar a mercadoria alguns dias depois. No dia 31, visitamos os avós da Susanne e eu aproveitei pra tomar o segundo sacode da semana do avô dela numa partida de bilhar. Mas eu tenho minhas justificativas. O bilhar aqui é jogado com apenas 3 bolas e a mesa não tem BURACOS!!!!! Bem, quando saímos os avós dela pediram colocarmos uma carta no correio. Quando encontramos uma caixa dos correios vimos que ela estava lacrada e no lacre podiamos ler: “temporariamente fora de serviço”. Poxa… justamente neste final de semana, que muitos querem mandar cartas, as caixas dos correios estão lacradas. Mais a frente outra curiosidade, agora com uma lixeira. Tinham retirado a parte do fundo. Foi aí que caiu a ficha. Aqui as coisas podem ser mais organizadas, mas o instinto de destruição ainda está presente no ser humano. Caixas dos correios lacradas e lixeiras sem fundo são mais difíceis de serem explodidas por maníacos com fogos de artifício.
Depois que o ano novo começou voltamos à rotina normal de vida. Ainda não posso fazer muito mais do que faço agora… amanha por acaso tenho uma hora marcada na prefeitura. Vou me inscrever oficialmente na Holanda. Isto é uma das etapas pra eu pegar meu visto de trabalho.
Sábado tive o primeiro jogo com a minha equipe. Enfrentamos, num jogo amistoso, uma equipe que joga na divisão superior à nossa equipe. Perdemos por 4x2, joguei apenas meio tempo, não marquei nenhum gol, mas foi uma boa estréia. haha. Todos ficaram muito felizes com minha maneira de jogar. Eu inclusive. Ainda mais por fazer tanto tempo que não jogava um jogo de verdade. A última vez tinha sido pelo time da faculdade. Agora espero que eles consigam me inscrever o mais rápido possível na federação holandesa de futebol pra que eu possa jogar no campeonato.
Esta semana vou começar enviar currículos… torçam pra que eles sejam bem recebidos.
O ano já começou… muitos já voltaram a trabalhar… meu Pai já fez mais um aniversário… eu já fiz meu primeiro jogo em minha equipe… muitas coisas já acontecerem, mas acredito que ainda é tempo de dizer: FELIZ ANO NOVO!
As festas de final de ano aqui foram bem gostosas. Os dois dias de Natal foram bem agradáveis, com muita comida e um pouco daquela gostosa confusão que acompanha os tradicionais Natais da minha família no Brasil.
No Ano Novo eu a Susanne, mesmo tendo alguns convites pra algumas festas, com muita gente, comida, bebida e tudo mais que uma boa festa de ano novo tem direito, resolvemos ficar em Wehl e aproveitamos o feriado sozinho. Todos da família dela tinha planos diferentes pro final de semana. Nós queríamos aproveitar de nós mesmos… Já estou aqui há quase um mês e meio mas como ficamos 7 meses distantes um do outro, nada poderia ser melhor que ter todo tempo pra nós mesmos.
Uma das coisas que fizemos foi ir à sauna juntos. Bem, sauna aqui significa muito mais que aí no Brasil. Quando vamos à sauna aqui vamos a um grande parque aquático, com piscinas, banheiras de hidromassagem, restaurante, camaras de bronzeamento artificial, diferentes tipos de saunas secas ou a vapor, massagistas… A gente fica quase o dia todo por lá… chegamos a uma da tarde e saímos as 6:30h. Algumas curiosidades: há somente um vestiário (homens e mulheres compartilham o mesmo espaço) e ninguém usa roupas de banho… ou seja, fica todo mundo pelado mesmo!
Pode parecer meio estranho… mas passando o primeiro momento de choque é bem gostoso desfrutar do lugar do jeito que viemos a esse mundo! Haha
Pra muitos pode ser uma grande aventura ir a uma sauna por aqui, cheio de loiras com tudo a mostra, mas tenho que dizer que somos obrigados a ver coisas não muito bonitas também. Quando estávamos no vestiário, nos arrumando pra ir embora, uma senhora, com umas dezenas de quilos a mais, exatamente à nossa frente resolveu se abaixar pra pegar alguma coisa… AAAHHHHHH… é até perigoso me lembrar do que vi…
A passagem do ano comemoramos na casa dos pais dela mesmo, dentro a banheira na compania de velas e uma garrafa de champange. Bebi umas 4 taças e fiquei com as pernas meio bambas. À meia noite abrimos a janela e acompanhamos dalí os fogos de artifício pela cidade.
Aqui na Holanda, fogos de artifício só são permitidos no ano novo. É tudo muito organizado, as pessoas preenchem formulários com alguns dias de antecedência, pagam a conta e vão buscar a mercadoria alguns dias depois. No dia 31, visitamos os avós da Susanne e eu aproveitei pra tomar o segundo sacode da semana do avô dela numa partida de bilhar. Mas eu tenho minhas justificativas. O bilhar aqui é jogado com apenas 3 bolas e a mesa não tem BURACOS!!!!! Bem, quando saímos os avós dela pediram colocarmos uma carta no correio. Quando encontramos uma caixa dos correios vimos que ela estava lacrada e no lacre podiamos ler: “temporariamente fora de serviço”. Poxa… justamente neste final de semana, que muitos querem mandar cartas, as caixas dos correios estão lacradas. Mais a frente outra curiosidade, agora com uma lixeira. Tinham retirado a parte do fundo. Foi aí que caiu a ficha. Aqui as coisas podem ser mais organizadas, mas o instinto de destruição ainda está presente no ser humano. Caixas dos correios lacradas e lixeiras sem fundo são mais difíceis de serem explodidas por maníacos com fogos de artifício.
Depois que o ano novo começou voltamos à rotina normal de vida. Ainda não posso fazer muito mais do que faço agora… amanha por acaso tenho uma hora marcada na prefeitura. Vou me inscrever oficialmente na Holanda. Isto é uma das etapas pra eu pegar meu visto de trabalho.
Sábado tive o primeiro jogo com a minha equipe. Enfrentamos, num jogo amistoso, uma equipe que joga na divisão superior à nossa equipe. Perdemos por 4x2, joguei apenas meio tempo, não marquei nenhum gol, mas foi uma boa estréia. haha. Todos ficaram muito felizes com minha maneira de jogar. Eu inclusive. Ainda mais por fazer tanto tempo que não jogava um jogo de verdade. A última vez tinha sido pelo time da faculdade. Agora espero que eles consigam me inscrever o mais rápido possível na federação holandesa de futebol pra que eu possa jogar no campeonato.
Esta semana vou começar enviar currículos… torçam pra que eles sejam bem recebidos.
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As vezes é bom não perceber as coisas...
Amsterdam, 14 de dezembro de 2006
Eu tinha combinado por telefone com um treinador de uma equipe amadora de futebol pra eu ir fazer um teste ontem. Estava acordado que eu treinaria com e equipe B do clube. A equipe A joga pela terceira divisão amadora da Holanda, se pensarmos que só há duas divisões profissionais, a equipe disputa na verdade a quinta divisão nacional.
Pelo que eu tinha percebido, a principal função da equipe B é manter os caras treinando pra, quando necessário, fornecer alguns jogadores pra ficar no banco de reservas da equipe A.
Bem, pra mim que nos ulimos 7 meses quase nem tinha visto a cor da bola seria uma melhor opção treinar com uma equipe mais fraca mesmo.
Cheguei um pouco mais cedo no clube que o horário combinado com o treinador. Pra chegar lá eu tenho que pedalar uns 35 minutos e me dei algum tempo de reserva caso me perdesse pelo caminho. Ainda não havia quase ninguém no clube e pedi pra uma senhora que trabalha no bar do clube pra me avisar quando o treinador chegasse.
Foram chegando os jogadores, muitos por sinal. Para quê tanta gente treinando na equipe B?! Mas bem... era um pouco estranho, pois alguns tinham “cara” de quem sabia jogar e outros me pareciam bem pernas de pau. Apesar desta análise ser bem precipitada ela até que funciona algumas vezes. Eu pensava: “caramba, deve ser um grupo bastante heterogêneo e isso não é muito bom pro treino. Mas vou me empenhar aqui, pois voltar pra loucura dos dois toques do outro clube eu não quero”.
Quase na hora de começar o treino, ainda não tinha visto o treinador, os jogadores foram pro vestiário. Falei pra um deles que tinha combinado de treinar mas ainda não tinha visto o treinador pra saber se estava tudo certo, aí ele falou que se estava combinado não tinha problema de eu me trocar e falar com ele depois.
Ao chegar ao vestiário vi duas salas. Entrei logo na primeira, me apresentei, disse que ia “fazer um teste” e comecei a me trocar. Nestas horas ser brasileiro é sempre um bom cartão de visitas. Ao sair do vestiário consegui, finalmente, falar com o treinador que se limitou a dizer pra eu ir pro campo que lá conversávamos.
No campo, tinham dois grupos de jogadores jogando bobinho. Fui logo ao primeiro e pedi pra jogar... lógico que fui pro bobo, mas fui bem recebido.
No meio do jogo, vejo o treinador passando atrás de mim, se dirigindo pro outro grupo e logo começando um aquecimento. Uma das pessoas que estava jogando bobinho do meu grupo parou a brincadeira e puxou o aquecimento. Pensei: “este deve ser um auxiliar, vamos começar o treino separados e depois do aquecimento eu falo com o treinador.”
Durante o aquecimento, que já estava um pouco pesado pra mim, conversava com um dos jogadores quando perguntei qual o nível daquela equipe. O rapaz ia dizendo que era bom, que os jogadores eram boas pessoas, por isso era gostoso de se treinar e jogar com o grupo e que a equipe jogava pela “Tweede Klasse” (referente à quinta divisão nacional). Ai eu perguntei: “Ué! Mas não é que equipe A que joga na Tweede Klaase?”:
- Claro! Esta é a equipe A. Aquela com o treinador Carlos (o que tinha combinado comigo de eu fazer um teste na equipe B) é a equipe B.
Caracas... sete meses sem praticamente jogar e venho logo parar aqui na equipe A. Não que eu achava que não teria nível, mas fisicamente havia uma grande chance de desastre!
Falei com o treinador que eu não tinha percebido que aquela era a equipe A e que tinha combinado com o treinador Carlos de treinar na equipe B. Ele disse que não tinha problema e que eu treinaria mesmo com eles. Como já falei, neste ponto, ser brasileiro é um bom cartão de visitas.
Bem, já que estava na chuva, o negócio era me molhar!!!! Meu coração as vezes vinha na minha boca, mas até que fisicamente não decepcionei. Fiz ainda um belo gol e no final ficou acertado pra eu voltar no próximo treino.
Quando voltei pro vestiário, percebi que todos equeles que tinham treinado comigo, ou seja, que eram da equipe A estavam no mesmo vestiário que eu, ou melhor, que eu estava no vestiário deles.
Fiquei pensando o que aconteceria no Brasil se um jogador desconhecido chega pra treinar num clube, onde há divisão entre as equipes A e B, já entra logo no vestiário da equipe A, depois se convida pra fazer parte da roda de bobos da equipe A e ainda vai treinar... nesta hora, foi melhor não estar no Brasil, pois além de minhas muitas dores musculares, teria também, com certeza, minhas canelas, meus tornozelos e possivelmente algo mais, no mínimo, doloridos! Hahahah
No final das contas... As vezes é bom não pereber as coisas direito... já que, por isto, pulei a etapa de treinar com os pangarés e fui direto pro time principal! Haha
Eu tinha combinado por telefone com um treinador de uma equipe amadora de futebol pra eu ir fazer um teste ontem. Estava acordado que eu treinaria com e equipe B do clube. A equipe A joga pela terceira divisão amadora da Holanda, se pensarmos que só há duas divisões profissionais, a equipe disputa na verdade a quinta divisão nacional.
Pelo que eu tinha percebido, a principal função da equipe B é manter os caras treinando pra, quando necessário, fornecer alguns jogadores pra ficar no banco de reservas da equipe A.
Bem, pra mim que nos ulimos 7 meses quase nem tinha visto a cor da bola seria uma melhor opção treinar com uma equipe mais fraca mesmo.
Cheguei um pouco mais cedo no clube que o horário combinado com o treinador. Pra chegar lá eu tenho que pedalar uns 35 minutos e me dei algum tempo de reserva caso me perdesse pelo caminho. Ainda não havia quase ninguém no clube e pedi pra uma senhora que trabalha no bar do clube pra me avisar quando o treinador chegasse.
Foram chegando os jogadores, muitos por sinal. Para quê tanta gente treinando na equipe B?! Mas bem... era um pouco estranho, pois alguns tinham “cara” de quem sabia jogar e outros me pareciam bem pernas de pau. Apesar desta análise ser bem precipitada ela até que funciona algumas vezes. Eu pensava: “caramba, deve ser um grupo bastante heterogêneo e isso não é muito bom pro treino. Mas vou me empenhar aqui, pois voltar pra loucura dos dois toques do outro clube eu não quero”.
Quase na hora de começar o treino, ainda não tinha visto o treinador, os jogadores foram pro vestiário. Falei pra um deles que tinha combinado de treinar mas ainda não tinha visto o treinador pra saber se estava tudo certo, aí ele falou que se estava combinado não tinha problema de eu me trocar e falar com ele depois.
Ao chegar ao vestiário vi duas salas. Entrei logo na primeira, me apresentei, disse que ia “fazer um teste” e comecei a me trocar. Nestas horas ser brasileiro é sempre um bom cartão de visitas. Ao sair do vestiário consegui, finalmente, falar com o treinador que se limitou a dizer pra eu ir pro campo que lá conversávamos.
No campo, tinham dois grupos de jogadores jogando bobinho. Fui logo ao primeiro e pedi pra jogar... lógico que fui pro bobo, mas fui bem recebido.
No meio do jogo, vejo o treinador passando atrás de mim, se dirigindo pro outro grupo e logo começando um aquecimento. Uma das pessoas que estava jogando bobinho do meu grupo parou a brincadeira e puxou o aquecimento. Pensei: “este deve ser um auxiliar, vamos começar o treino separados e depois do aquecimento eu falo com o treinador.”
Durante o aquecimento, que já estava um pouco pesado pra mim, conversava com um dos jogadores quando perguntei qual o nível daquela equipe. O rapaz ia dizendo que era bom, que os jogadores eram boas pessoas, por isso era gostoso de se treinar e jogar com o grupo e que a equipe jogava pela “Tweede Klasse” (referente à quinta divisão nacional). Ai eu perguntei: “Ué! Mas não é que equipe A que joga na Tweede Klaase?”:
- Claro! Esta é a equipe A. Aquela com o treinador Carlos (o que tinha combinado comigo de eu fazer um teste na equipe B) é a equipe B.
Caracas... sete meses sem praticamente jogar e venho logo parar aqui na equipe A. Não que eu achava que não teria nível, mas fisicamente havia uma grande chance de desastre!
Falei com o treinador que eu não tinha percebido que aquela era a equipe A e que tinha combinado com o treinador Carlos de treinar na equipe B. Ele disse que não tinha problema e que eu treinaria mesmo com eles. Como já falei, neste ponto, ser brasileiro é um bom cartão de visitas.
Bem, já que estava na chuva, o negócio era me molhar!!!! Meu coração as vezes vinha na minha boca, mas até que fisicamente não decepcionei. Fiz ainda um belo gol e no final ficou acertado pra eu voltar no próximo treino.
Quando voltei pro vestiário, percebi que todos equeles que tinham treinado comigo, ou seja, que eram da equipe A estavam no mesmo vestiário que eu, ou melhor, que eu estava no vestiário deles.
Fiquei pensando o que aconteceria no Brasil se um jogador desconhecido chega pra treinar num clube, onde há divisão entre as equipes A e B, já entra logo no vestiário da equipe A, depois se convida pra fazer parte da roda de bobos da equipe A e ainda vai treinar... nesta hora, foi melhor não estar no Brasil, pois além de minhas muitas dores musculares, teria também, com certeza, minhas canelas, meus tornozelos e possivelmente algo mais, no mínimo, doloridos! Hahahah
No final das contas... As vezes é bom não pereber as coisas direito... já que, por isto, pulei a etapa de treinar com os pangarés e fui direto pro time principal! Haha
A chegada
Amsterdam, 01 de dezembro de
Por aqui tudo certo... já faz quase uma semana que eu cheguei e as vezes é difícil de acreditar que semana passada ainda estava no Brasil. Agora parece que os meses que estive aí passaram num piscar de olhos. Isso até soa estranho, pois enquanto estive aí estes sete meses foram sete intermináveis meses.
Nos meus primeiros meses aqui não poderei fazer muita coisa, eu sou impedido de trabalhar e mesmo de participar do curso de integração para os estrangeiros recém chegados enquanto o processo do meu visto não tiver terminado. Isso costuma durar de 2 a 6 meses. Enquanto isso minha principal atividade é ser: "Dono de Casa"!! haha... quem diria, estudou tanto pra acabar virando um profissional doméstico!!!
Mas isso é temporário... e pra ter a oportunidade de mudar isso rapidamente quando eu tiver autorização pra trabalhar venho preparando algum terreno.
Estou reestabelecendo meus contatos por aqui... já falei com o clube clube onde estagiei... e esta semana fui a universidade de Amsterdam. tinha o interesse em conhecer a universidade, falar com professores, me apresentar, estas coisas.
Pra economizar, peguei a bicicleta e pedalei por 40 minutos até a universidade, por sorte nem estava tão frio (entre 8 e 10graus) e nem chovia. Depois de chegar lá, bem suado pra falar a verdade! é uma sensação estranha mas pedalar com casaco nos faz suar muito depois de algum tempo, mas não impede que nossas mão fiquem bem geladas. Tá certo, um par de luvas ajudaria bastante. Mas tenho que aproveitar que não está muito frio pra ir me preparando pro que vem pela frente. No inverno mesmo, não adianta usar luvas não. Pois elas se molham com a chuva ou a neve e aí as mãos congelam de qualquer maneira. haha
bem... chegando lá fui a recepção e contei sobre meus desejos. Ligaram pra alguém... logo depois eu recebo o telefone e conto a mesma história. Aí eu ouço: "será melhor se você escreva pra gente e assim, possivelmente, marcamos um encontro" ahaha aí foram mais quase uma hora de suadeira e mãos geladas.
Foi uma hora pois me permiti me perder pelas ruas de Amsterdam. Nos perder por alguma cidade é sempre o melhor caminho pra a conhecermos melhor. E se perder por Amsterdam é dos passeios mais agradáveis que existem. Vocês podem ter certeza que se um dia puderem me visitar terei o maior prazer em me perder com vocês por aqui.
Pra poder conhecer mais pessoas, aumentar o círculo de amizades e me divertir um pouco, pensei ser uma boa idéia fazer parte de algum time amador de futebol da cidade. Ontem fui ao primeiro. O treinador é um velho senhor bem boa gente. Que me deixou treinar prontamente ao ouvir que vinha do Brasil.
O treino durou uma hora e meia. Por mais de uma hora ficamos jogando, num campo de dimensões um pouco reduzidas um jogo de 2 toques.
Primeiro, isso é intenso pra caramba!! ficar mais de hora jogando assim quase mata alguém que já não jogava há algum tempo. Ainda mais quando se fica no time reserva e a diferená entre os dois times é absurda! Corri como um louco!!!! A vantagem é que podia xingar toda hora que alguém da minha equipe fazia besteira! haha
Depois do treino o velho senhor veio falar comigo. eu estava cansado pra caramba e um pouco frustrado também... mais de uma hora jogando apenas dois toques nunca tinha me acontecido!
Ele me disse que tenho qualidade, que poderia voltar a treinar lá se quiser e me perguntou o que tinha achado. Hahah... não podia falar que era frustrante ficar mais de uma hora jogando dois toques, por isso me limitei a dizer que tinha sido bastante diferente de minhas experiências no Brasil. Aí ouvi: "Brazilie heeft de beter spellers maar dit is voetbal!" Traduzindo: O Brasil tem os melhor jogadores mas isso aqui (os dois toques) é que é futebol! hahahah na minha cara eu tive que concordar com ele mas minha cabeça pesava: "se isso, dois toques, é futebol deveríamos incluir a regra dos dois toques no jogo: quem der 3 toques consecutivos na bola é punido com cartão amarelo!!! hahah
Ontem mesmo ou ouvi de um colega da Susanne sobre um clube amador que tem um treinador chileno... acho que vou tentar lá... quem sabe seja lá a regra dos dois toques não seja menos rígida! haha
Hj vou viajar com a família da Susanne... vamos ao litoral. Vai ser gostoso, mesmo com o clima não muito favorável (máxima 8 graus e grande possibilidade de chover no final de semana), tenho certeza que vai dar pra se divertir um bocado.
PS: já ouvi pessoas dizerem que não me mandarão um cartão de natal pois a rua de casa é muito complicada... vamos fazer um jogo então. Se alguém me mandar um cartão de natal com um video soletrando (sem ler) e pronunciando de maneira correta Faculdade de Educação Física em Holandes eu ajudarei com a passagem pra vir me visitar! Hahah vai aí a palavrinha: BEWEGINGSWETENSCHAPPEN
Por aqui tudo certo... já faz quase uma semana que eu cheguei e as vezes é difícil de acreditar que semana passada ainda estava no Brasil. Agora parece que os meses que estive aí passaram num piscar de olhos. Isso até soa estranho, pois enquanto estive aí estes sete meses foram sete intermináveis meses.
Nos meus primeiros meses aqui não poderei fazer muita coisa, eu sou impedido de trabalhar e mesmo de participar do curso de integração para os estrangeiros recém chegados enquanto o processo do meu visto não tiver terminado. Isso costuma durar de 2 a 6 meses. Enquanto isso minha principal atividade é ser: "Dono de Casa"!! haha... quem diria, estudou tanto pra acabar virando um profissional doméstico!!!
Mas isso é temporário... e pra ter a oportunidade de mudar isso rapidamente quando eu tiver autorização pra trabalhar venho preparando algum terreno.
Estou reestabelecendo meus contatos por aqui... já falei com o clube clube onde estagiei... e esta semana fui a universidade de Amsterdam. tinha o interesse em conhecer a universidade, falar com professores, me apresentar, estas coisas.
Pra economizar, peguei a bicicleta e pedalei por 40 minutos até a universidade, por sorte nem estava tão frio (entre 8 e 10graus) e nem chovia. Depois de chegar lá, bem suado pra falar a verdade! é uma sensação estranha mas pedalar com casaco nos faz suar muito depois de algum tempo, mas não impede que nossas mão fiquem bem geladas. Tá certo, um par de luvas ajudaria bastante. Mas tenho que aproveitar que não está muito frio pra ir me preparando pro que vem pela frente. No inverno mesmo, não adianta usar luvas não. Pois elas se molham com a chuva ou a neve e aí as mãos congelam de qualquer maneira. haha
bem... chegando lá fui a recepção e contei sobre meus desejos. Ligaram pra alguém... logo depois eu recebo o telefone e conto a mesma história. Aí eu ouço: "será melhor se você escreva pra gente e assim, possivelmente, marcamos um encontro" ahaha aí foram mais quase uma hora de suadeira e mãos geladas.
Foi uma hora pois me permiti me perder pelas ruas de Amsterdam. Nos perder por alguma cidade é sempre o melhor caminho pra a conhecermos melhor. E se perder por Amsterdam é dos passeios mais agradáveis que existem. Vocês podem ter certeza que se um dia puderem me visitar terei o maior prazer em me perder com vocês por aqui.
Pra poder conhecer mais pessoas, aumentar o círculo de amizades e me divertir um pouco, pensei ser uma boa idéia fazer parte de algum time amador de futebol da cidade. Ontem fui ao primeiro. O treinador é um velho senhor bem boa gente. Que me deixou treinar prontamente ao ouvir que vinha do Brasil.
O treino durou uma hora e meia. Por mais de uma hora ficamos jogando, num campo de dimensões um pouco reduzidas um jogo de 2 toques.
Primeiro, isso é intenso pra caramba!! ficar mais de hora jogando assim quase mata alguém que já não jogava há algum tempo. Ainda mais quando se fica no time reserva e a diferená entre os dois times é absurda! Corri como um louco!!!! A vantagem é que podia xingar toda hora que alguém da minha equipe fazia besteira! haha
Depois do treino o velho senhor veio falar comigo. eu estava cansado pra caramba e um pouco frustrado também... mais de uma hora jogando apenas dois toques nunca tinha me acontecido!
Ele me disse que tenho qualidade, que poderia voltar a treinar lá se quiser e me perguntou o que tinha achado. Hahah... não podia falar que era frustrante ficar mais de uma hora jogando dois toques, por isso me limitei a dizer que tinha sido bastante diferente de minhas experiências no Brasil. Aí ouvi: "Brazilie heeft de beter spellers maar dit is voetbal!" Traduzindo: O Brasil tem os melhor jogadores mas isso aqui (os dois toques) é que é futebol! hahahah na minha cara eu tive que concordar com ele mas minha cabeça pesava: "se isso, dois toques, é futebol deveríamos incluir a regra dos dois toques no jogo: quem der 3 toques consecutivos na bola é punido com cartão amarelo!!! hahah
Ontem mesmo ou ouvi de um colega da Susanne sobre um clube amador que tem um treinador chileno... acho que vou tentar lá... quem sabe seja lá a regra dos dois toques não seja menos rígida! haha
Hj vou viajar com a família da Susanne... vamos ao litoral. Vai ser gostoso, mesmo com o clima não muito favorável (máxima 8 graus e grande possibilidade de chover no final de semana), tenho certeza que vai dar pra se divertir um bocado.
PS: já ouvi pessoas dizerem que não me mandarão um cartão de natal pois a rua de casa é muito complicada... vamos fazer um jogo então. Se alguém me mandar um cartão de natal com um video soletrando (sem ler) e pronunciando de maneira correta Faculdade de Educação Física em Holandes eu ajudarei com a passagem pra vir me visitar! Hahah vai aí a palavrinha: BEWEGINGSWETENSCHAPPEN
Quebra Canelas
Porto, fevereiro de 2003
Algum de vocês já sentiu uma vontade muito grande de fazer uma coisa, que de tão grande que era, se faz de tudo pra matar a vontade? Tipo imaginar que aquilo está acontecendo em um lugar mais adequado, esquecer que aquilo pode ser uma atividade de alto risco e que não se usa nada pra se prevenir, nem se preocupar em como vai se sentir quando acordar no dia seguinte, essas coisas...
Pois bem, este final de semana eu cheguei em casa por volta das duas da tarde, pela manhã tinha tido dois jogos de Futsal com minha equipe do colégio onde trabalho. Foram duas “piabas”, tava com a cabeça quente! Nessas horas nada melhor que um Futebolzinho pra relaxar... foi aí que um dos caras que mora comigo, o Márcio, me convidou pra jogar Futebol com os “caras do serviço”, naquela tarde ia acontecer um desafio Brasil X Angola (moro atualmente, até sexta feira, com dois irmãos brasileiros que trabalham na construção civil aqui em Portugal). Era tudo que eu precisava.
Saímos nós dois de casa e fomos andando até uma obra, que ficava no cominho da “quadra”, pra encontrar alguns brasileiros que fizeram hora extra no sábado. Chegando à obra, o Cláudio (irmão do Márcio) e mais um brasileiro, que ainda não tinham acabado o serviço, pediram pra irmos andando que logo depois eles chegavam. Um pouco antes de sairmos o Cláudio perguntou ao Márcio se ele tinha lembrado de trazer seu tênis pra jogar, mas o Márcio só trazia suas coisas....
Ao chegar à “quadra”, logo pensei no que a gente pode fazer pra jogar nosso Futebolzinho... aquilo um dia foi uma quadra, hoje só sobraram as muretas laterais e um pouco de chão cimentado no meio dos buracos. Além disso, antes de jogar tivemos que ficar alguns minutos tirando cacos de vidro de dentro da “quadra”. Mas mesmo assim sobrou um pouco, por vezes no meio do jogo eu via um caco de vidro esquecido e o jogava pra fora dali...
Regras do jogo: seis pra cada lado; a bola de capotão faltando, é claro uns gomos, que nunca saía, só quando passava por cima do muro; os gols marcados com dois paralelepípedos cada um e o jogo só acabava ao anoitecer (o jogo começou umas 4:30h, está anoitecendo umas 6:00h).
O jogo foi um autêntico “quebra canelas”. Quando há uma peladinha e tem um cara de gosta de distribuir uns pontapés, como ele é comumente chamado? Pode ter vários apelidos, mas com certeza um deles é PEDREIRO!!!!!. Venho dizer que já sabia que esta denominação era justa, mas não tão justa como agora. E posso também dizer que nossos pedreiros brasileiros são bem bonzinhos perto dos pedreiros angolanos.
Como eu já disse, às vezes é melhor esquecer que não estamos nos prevenindo contra o pior e desfrutar do ato que estamos fazendo sem pensar as consequências, porém, houve uma momento que me arrependi amargamente de não ter umas caneleiras... quando se joga num lugar meio “violento” a melhor coisa, pelo menos pra mim, é fazer o simples, ou seja, não prender a bola. “Pegar e tocar” é sempre o mais seguro. Só que teve uma hora, quando os angolanos já estavam tomando uns golzinhos na cabeça, que eu roubei uma bola e fui dar um corte, só pra ganhar um pouco de espaço. Pro meu azar, ele esticou uma das pernas pra tentar roubar a bola e ela resolveu passar direitinho onde não devia... por debaixo das pernas dele. Pra piorar, havia uns garotos assistindo ao jogo, que na mesma hora vibraram com a caneta que eu tinha dado... a partir dali comecei a rezar pra Nossa Senhora Protetora das Canelas Desamparadas e a me preocupar como eu iria me sentir no dia seguinte....
Os brasileiros começaram a ter que ficar mais espertos, pois metemos mais um monte nos angolanos, o que os deixava meio nervosos. Só que eu tinha que ficar mais esperto ainda, não adiantava mais “pegar e tocar”, eu tinha que “pegar, tocar e pular” já que o angolano que tomou a caneta chegava sempre atrasado e se eu não pulasse....
A nossa sorte foi que tínhamos uma arma secreta, como o Cláudio tinha esquecido o seu par de tênis e veio direto da obra, ele jogou com a butina do serviço... aquela mesmo, de couro e BICO de FERRO.
Quando acabou o jogo, estava bem feliz, pois além de fazer muito tempo que não jogava um Futebolzinho, eu estava inteiro, sem bem que com as canelas doloridas. Nesta mesma hora os brasileiros já começaram a sacanear os angolanos. O Jogo tinha acabado 11 x 5. Logo depois do final, um dos angolanos veio em minha direção me convidando pra fazer a revanche no próximo sábado...
Foi aí que uma sensação que tive durante o jogo ficou mais evidente, eu era o único jogador, de todos da quadra que não era negro, por isto parecia que os angolanos me tratavam de maneira diferente, ainda mais quando começaram a perder, não que queriam me machucar, ou coisa parecida, mas parecia que para mim eles não admitiam perder, por isto jogavam mais duro, dividiam mais forte, essas coisas. Isto ficou evidente no convite pra revanche, pois fui o primeiro a receber a proposta...
Agora se eu vou aceitar?
Se minhas canelas pararem de doer até lá, quem sabe....
Rezem por minhas canelas...
Algum de vocês já sentiu uma vontade muito grande de fazer uma coisa, que de tão grande que era, se faz de tudo pra matar a vontade? Tipo imaginar que aquilo está acontecendo em um lugar mais adequado, esquecer que aquilo pode ser uma atividade de alto risco e que não se usa nada pra se prevenir, nem se preocupar em como vai se sentir quando acordar no dia seguinte, essas coisas...
Pois bem, este final de semana eu cheguei em casa por volta das duas da tarde, pela manhã tinha tido dois jogos de Futsal com minha equipe do colégio onde trabalho. Foram duas “piabas”, tava com a cabeça quente! Nessas horas nada melhor que um Futebolzinho pra relaxar... foi aí que um dos caras que mora comigo, o Márcio, me convidou pra jogar Futebol com os “caras do serviço”, naquela tarde ia acontecer um desafio Brasil X Angola (moro atualmente, até sexta feira, com dois irmãos brasileiros que trabalham na construção civil aqui em Portugal). Era tudo que eu precisava.
Saímos nós dois de casa e fomos andando até uma obra, que ficava no cominho da “quadra”, pra encontrar alguns brasileiros que fizeram hora extra no sábado. Chegando à obra, o Cláudio (irmão do Márcio) e mais um brasileiro, que ainda não tinham acabado o serviço, pediram pra irmos andando que logo depois eles chegavam. Um pouco antes de sairmos o Cláudio perguntou ao Márcio se ele tinha lembrado de trazer seu tênis pra jogar, mas o Márcio só trazia suas coisas....
Ao chegar à “quadra”, logo pensei no que a gente pode fazer pra jogar nosso Futebolzinho... aquilo um dia foi uma quadra, hoje só sobraram as muretas laterais e um pouco de chão cimentado no meio dos buracos. Além disso, antes de jogar tivemos que ficar alguns minutos tirando cacos de vidro de dentro da “quadra”. Mas mesmo assim sobrou um pouco, por vezes no meio do jogo eu via um caco de vidro esquecido e o jogava pra fora dali...
Regras do jogo: seis pra cada lado; a bola de capotão faltando, é claro uns gomos, que nunca saía, só quando passava por cima do muro; os gols marcados com dois paralelepípedos cada um e o jogo só acabava ao anoitecer (o jogo começou umas 4:30h, está anoitecendo umas 6:00h).
O jogo foi um autêntico “quebra canelas”. Quando há uma peladinha e tem um cara de gosta de distribuir uns pontapés, como ele é comumente chamado? Pode ter vários apelidos, mas com certeza um deles é PEDREIRO!!!!!. Venho dizer que já sabia que esta denominação era justa, mas não tão justa como agora. E posso também dizer que nossos pedreiros brasileiros são bem bonzinhos perto dos pedreiros angolanos.
Como eu já disse, às vezes é melhor esquecer que não estamos nos prevenindo contra o pior e desfrutar do ato que estamos fazendo sem pensar as consequências, porém, houve uma momento que me arrependi amargamente de não ter umas caneleiras... quando se joga num lugar meio “violento” a melhor coisa, pelo menos pra mim, é fazer o simples, ou seja, não prender a bola. “Pegar e tocar” é sempre o mais seguro. Só que teve uma hora, quando os angolanos já estavam tomando uns golzinhos na cabeça, que eu roubei uma bola e fui dar um corte, só pra ganhar um pouco de espaço. Pro meu azar, ele esticou uma das pernas pra tentar roubar a bola e ela resolveu passar direitinho onde não devia... por debaixo das pernas dele. Pra piorar, havia uns garotos assistindo ao jogo, que na mesma hora vibraram com a caneta que eu tinha dado... a partir dali comecei a rezar pra Nossa Senhora Protetora das Canelas Desamparadas e a me preocupar como eu iria me sentir no dia seguinte....
Os brasileiros começaram a ter que ficar mais espertos, pois metemos mais um monte nos angolanos, o que os deixava meio nervosos. Só que eu tinha que ficar mais esperto ainda, não adiantava mais “pegar e tocar”, eu tinha que “pegar, tocar e pular” já que o angolano que tomou a caneta chegava sempre atrasado e se eu não pulasse....
A nossa sorte foi que tínhamos uma arma secreta, como o Cláudio tinha esquecido o seu par de tênis e veio direto da obra, ele jogou com a butina do serviço... aquela mesmo, de couro e BICO de FERRO.
Quando acabou o jogo, estava bem feliz, pois além de fazer muito tempo que não jogava um Futebolzinho, eu estava inteiro, sem bem que com as canelas doloridas. Nesta mesma hora os brasileiros já começaram a sacanear os angolanos. O Jogo tinha acabado 11 x 5. Logo depois do final, um dos angolanos veio em minha direção me convidando pra fazer a revanche no próximo sábado...
Foi aí que uma sensação que tive durante o jogo ficou mais evidente, eu era o único jogador, de todos da quadra que não era negro, por isto parecia que os angolanos me tratavam de maneira diferente, ainda mais quando começaram a perder, não que queriam me machucar, ou coisa parecida, mas parecia que para mim eles não admitiam perder, por isto jogavam mais duro, dividiam mais forte, essas coisas. Isto ficou evidente no convite pra revanche, pois fui o primeiro a receber a proposta...
Agora se eu vou aceitar?
Se minhas canelas pararem de doer até lá, quem sabe....
Rezem por minhas canelas...
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