Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
quinta-feira, 25 de março de 2010
tecla sap
Normalmente, quando eles começam a falar, eu ligo o botão do português. Já estou no meu quarto treinador desde que cheguei por aqui. Eu sei que pode ser, em grande parte, minha prória culpa, mas até agora nenhum deles me cativou profissionalmente. Os cara falam, gesticulam, se empolgam, dão conselhos e eu... apenas finjo que escuto. Por vezes, quando percebo que tá todo mundo concordando, dou uma balançadinha na cabeça também.
Infelizmente não é sempre que eu consigo me desligar. Com o passar do tempo por aqui, fica cada vez mais difícil não compreender o holandês, mesmo quando eu quero. Ai, algumas vezes me deparo com algumas pérolas.
Naquele dia o entusiasmo do treinador era tanto, durante um dos intermináveis treinos de passe, que a tecla sap aqui de minha cabeça não funcionou... mesmo sem eu querer o modo voltou pro holandês
- pro passe sair bom, vocês devem fazer um movimento preparatório - ele ia e vinha... vocês têm que chegar à bola com velocidade! Mas sem esquecer o equilíbrio. O joelho da perna de apoio deve estar um pouco flexionado. A batida na bola tem que ser com força! - numa bola imaginária ele imitava a realização de um passe.
Eu quis rir... felizmente nem todas as pérolas me irritam! Mas se há uma coisa que eu não preciso é alguém querendo me ensinar dar um passe, ou um cruzamento, ou a dominar uma bola... Não digo que eu não possa melhorar nestas coisas, até que poderia, mas no alto de meus 30 anos eu quero mesmo é bater minha bolinha. Tudo o que está entre o calçar das chuteiras e o jogo... atrapalha, inclusive o treinador.
Pode parecer loucura, mas eu trocaria com certeza o campo branquinho aí de cima por um treinador menos empolgado.
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