Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.

domingo, 9 de março de 2008

Um pouco de história

Amsterdam 30 de maio de 2007

Outro dia estava num ponto de onibus quando ouvi um casal brasileiro conversando... eram turistas. Em meus primeiros momentos longe do Brasil ouvir brasileiros era sempre uma alegria, como era gostoso encontrar conterrâneos estando longe de casa. Hoje já virou tudo meio normal, já não busco mais o contato sempre que ouço meu idioma. Pra ser sincero as vezes fico ouvindo a conversa e fingindo não entender nada.
Bem, com estávamos todos esperando por um ônibus eu pude acompanhar os devaneios do casal. Nas oportunidades que cruzo pessoas interessantes ou divertidas não há como manter a boca fechada! Mas daquela vez, me manter anônimo foi a melhor opção, afinal não ouvi nada de produtivo naquela conversa. Mas bem, quando meu ônibus estava chegando ouço um dos dois perguntar:

- Caramba! Como pode um paizinho como este, perdido aqui neste canto da Europa, ter sido tão importante na história, ter navegado pelo mundo todo e ser rico deste jeito?

Até que fiquei com vontade de responder, mas eu entrei naquele ônibus e eles não.

Pra não ficar passando vontade eu respondo aqui! Hahah

O Rio Reno, que aqui se chama Rijn (R = som do R sozinho do meio de uma palavra; IJN = áin) é um rio bastante imporante na Europa que passa por Suíça, Áustria, Liechtenstein, França, Alemanha e vem desaguar no mar do norte pela Holanda. Assim, muitos produtos exportados e importados, via navegação por estes países eram obrigados (e ainda são) a passar pela Holanda. Os holandeses que não eram bobos nem nada cobravam impostos por isso, isso quando os próprios não resolviam comercializar os produtos. O porto de Rotterdam, um dos mais importantes do mundo fica nas márgens do Rio Reno.
Exemplificando: durante a revolução industrial, as cidades na Europa cresceram tanto que elas não conseguiam oferecer água potável pra todo mundo. Beber água era sempre um risco de contrair cólera. Como a bactéria que provoca esta doença não sobrevive ao processo de fermentação a cerveja era uma das bebidas a prova de cólera. Ou seja, bebia-se mais cerveja que água.
Na época, o maior produtor de cerveja era a Alemanha e grande parte de sua produção, devido a grande demanda, era exportada para outros países europeus. Os holandeses não só comercializavam a cerveja alemã pela Europa como tinham também o monopólio desta atividade, graças a importância do Rio Reno.
O tempo foi passando e os caras em vez de ficarem lembrando as conquistas do império resolveram se modernizar e construir outros impérios: Shell, ABN Amro Bank, C&A, Philips, Heinecken e por aí vai.

Já que eu falei em impostos... antigamente (isso é bem antigamente mesmo!!!), quando Amsterdam começou a crescer, o imposto cobrado sobre as casas, nosso IPTU, não era calculado em função da área construída, mas sim da a largura da frente das casas. Ou seja, pra pagar menos os caras construíam casas bem estreitas e altas. Por isso é comum ver por aqui casas com 5-8 metros de frente e 3, 4 ou 5 andares!!! O que, somado ao fato de que por serem muito antigas e construídas em terreno pantanoso a maioria foi se cambaleando com tempo, dá um encanto todo especial à cidade.
Porém, acredito que um cidadão se rebelou contra os impostos. O cara construiu uma casa de 3 andares com 1 metro de 80 centímetros de largura!!!! Alguém muito narigudo deve ter que entrar lá de frente em sair de costas!

Com as temperaturas mais agradáveis, devido à aproximação do verão, mais pessoas ainda usam bicicletas como meio de transporte... ou seja o transito nas ciclovias que já é sempre meio louco, tem ficado cada dia mais insano. Pedalar em horário de pico me faz lembrar de São Paulo. E se São Paulo tem os motoboys pra infernizar a vida de quem dirige, Amsterdam tem seus turistas infernizando quem pedala!
Os turistas nunca sabem diferenciar a calçada da ciclovia, ou seja, quando a gente menos espera aparece um turista na nossa frente. Isso quado não é um grupo que de uma hora pra outra ruma da calçada pro nosso caminho... quando passo por locais onde há mais presença de turistas eu ando com o dedo da buzina, e o sininho toca como eu louco. Mas eu tento nunca me irritar, afinal já fui turista por aqui e sei como é difícil apreciar as belezas da cidade, tirar fotos, se orientar com a ajuda de mapas e ainda perceber que estamos caminhando sobre a ciclovia!

E quando eles resolvem alugar bibicletas pra passear por aqui?! Parecem domingueiros!! Felizmente a maioria da lojas que as alugam, por motivos de publicidade, identificam muito bem suas bicicletas. Por isso podemos sempre ter um cuidado a mais quando cruzamos algum.

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