Porto, maio de 2003
É brasileiro... veio fazer qualquer coisa aqui em Portugal que não seja prostituição e pilantragem, eu dou a maior força... ainda mais quando a chance de aparecer no Brasil, via satélite, ao vivo for grande.
Assim, neste final de semana eu e uns amigos fomos assistir aos jogos do Brasil, pela liga mundial de vôlei aqui em Portugal, contra a equipe da casa.
Mas não fomos somente assistir, estávamos lá com o objetivo de assistir aos jogos, mas principalmente de poder se juntar com outros brasileiros e fazer uma puta zona e ainda aparecer na TV...
No primeiro dia não pegamos um lugar muito central, pois o cabeçudo aqui esqueceu seu ingresso em casa e só percebeu quando estava quase no ginásio, tivemos que voltar pra casa, mas pra minha sorte eu não tinha sido o único e realizar este feito...
Quando entramos no ginásio quase que só haviam portugueses, os poucos brasileiros estavam muito dispersos e não podia fazer muito barulho, em toda a publicidade sobre o jogo quase não falava nada do Brasil, apenas aparecia que os jogos seriam contra nosso País num cantinho dos cartazes. Acho que a organização fez isto de propósito pra não haver uma enxurrada de brasileiros nas arquibancadas...
Não importa, nós cinco, quatro brasileiros e uma holandesa, no primeiro dia, mais um maluco que trabalha de churrasqueiro por aqui, fizemos a maior putaria possível, do meio pro final do jogo era toda a arquibancada contra a gente, nós infernizamos a vida dos jogadores portugueses e gritávamos o tempo todo em favor do Brasil.
Tínhamos bandeiras, apitos, cabelos pintados, faixas e o mais importante garganta... e a usamos muito, principalmente pra “elogiar” o levantador português, cornetamos ele o tempo todo, e o pior, o cara demonstrou nervosismo depois que passamos a “incentivá-lo”.
Quando acabou o jogo alguns jogadores brasileiros vieram logo em nossa direção, conversaram um pouco, tiraram fotos, deram autógrafos, mas o mais louco foi o Rodrigão, um meio de rede muito alto, que bloqueava tudo quando estava na rede, e por isto começamos a chamá-lo de muralha. A cada bloque que ele fazia era : “MURAAAALLLHHHHAAAAAA!!!!”, ao final do jogo ele veio falar com a gente e já chegou logo perguntando: “ei galera, vocês vão estar aí amanha, né?”
No dia seguinte, fomos as primeiras pessoas a entrar no ginásio, pegamos os lugares mais centrais e mais pertos da quadra, os jogadores das duas equipes faziam aquecimento. Pra mostrar pro Pereira (o levantador português) que éramos nós, chegamos cantando: “ero...ero....ero...o Pereira é brasileiro!!!!”
Como chegamos cedo, guardamos vários lugares pra brasileiros, a cada um que chegava no ginásio com a camisa ou uma bandeira do Brasil chamávamos pra sentar com a gente... um lugar era especial, o maluco do churrasqueiro.
Este dia foi engraçado, se no primeiro jogo, quando “éramos 6”, já fizemos muito barulho, imaginem em cerca de 25!!!!
No primeiro, quando tocaram o hino, cortaram-no muito, mas no segundo dia quando cortaram-no outra vez continuamos cantando... foi animal, me lembro do Escadinha, o líbero brasileiro, olhar pra trás assustado com aquilo...
Eu fiquei até com dor de cabeça de tanto gritar a apitar lá dentro... os jogos eu acabei nem vendo muito, mas valeu muito pela diversão, e ainda mais porque os dois jogos sairam por 2,5 euros... muito barato, inclusive pensando em reais....
Só foi uma pena os jogos não terem passado no Brasil. Na segunda feira quando cheguei à faculdade meus amigos do mestrado, que assistiram os jogos pela TV, vieram logo me falar que a toda hora era possível ver eu e meus amigos fazendo aquela putaria pela TV...
Quando saia do ginásio, estava feliz pra caramba, tinha me divertido muito naqueles jogos, e tudo que tinha acontecido em torno deles tinha sido muito bom... estava completamente satisfeito e feliz com meu final de semana, mas mal eu sabia que além de me divertir bastante tinha virado “alguém importante”.
Quando passava por um lugar, fora do ginásio, onde estavam muitos jornalistas, alguns jogadores das duas equipes e muitas pessoas pedindo autógrafos, dois muleques vieram em minha direção e me perguntaram: “tu podes dar-nos um autógrafo?”
Eu não consegui responder só perguntar: “como é que é?” Porra, os garotos estão aqui no meio dos jogadores, com os cachecóis cheios de autógrafos (aqui as pessoas vão aos estádios e ginásios assistir jogos com cachecol, não com camiseta) e vêem pedir autógrafo pra mim...
Eles me responderam: “nós queremos o autógrafo do chefe da clac (torcida, em português de Portugal) brasileira...”
Não pensei duas vezes... logo escrevi: “Um Grande Abraço, do Brasileiro Felipe” mas não sem antes pegar minha máquina fotográfica e pedir pra Susanne, a holandesa, bater uma foto, pois essa era daquelas que se a gente contar ninguém acredita... como muitas das coisas que já se passaram comigo aqui no Porto.
Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
domingo, 9 de março de 2008
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