Amsterdam, 17 de agosto de 2007
Puxa… faz tempo que não termino uma carta... tenho que dizer termino, pois neste tempo todo sem dar notícias outras cartas foram começadas. Como é estranho, quando pouco acontecia as palavras pareciam brotar na minha cabeça, agora que muito acontece elas me faltam...
O meu irmão esteve aqui me visitando. Como foi gostoso recebê-lo. A visita foi ainda mais especial por acontecer na mesma semana que encontrei meu primeiro trabalho oficial, com contrato assinado e um salário bastante animador pra quem sempre andou contando os centavos pra fazer tudo o que fez. Só foi uma pena ele ter ido embora dois dias antes de eu ter ouvido que a vaga seria minha.
Por falar em ir embora... é incrivel como é mais difícil nos despedir de alguém quando não somos nós que partimos.
Meu trabalho é numa ONG que presta serviços à prefeitura de Amsterdam oferecendo atividades esportivas e culturais pra jovens de uma das regiões da cidade. Estou conhecendo uma parte da Holanda bastante desconhecida por todos. Quando pensamos na Holanda imaginamos um país livre de preconceitos, que respeita relações homossexuais, onde o aborto, a eutanásia e o uso de drogas leves são permitidos. Temos a idéia de que este é o país que aceita e recebe muito bem as diferenças... mas não é assim que funciona.
Como qualquer sociedade, esta também tem seu calcanhar de aquiles – se bem que algumas têm o pé inteiro, mais a canela e a região até o pescoço! Bem, a integração dos imigrantes árabes, principalmente turcos e marroquinos, dos antilianos e surinameses com a sociedade local não ocorre como deveria... ou melhor, ela quase não ocorre! É difícil dizer quem é o principal culpado: o meio que não acolhe ou o estranho que não se inturma...
A Holanda é de certa forma dividida... a branca e a preta. A primeira é a sociedade que vemos na TV e a outra é formada por estes imigrantes... as escolas, por exemplo, são extra-oficialmente classificadas de escolas brancas (Witte School) e escolas pretas (Zwarte School)... não é preciso dizer mais nada.
A ONG pela qual eu trabalho oferece, em nome da prefeitura, atividades pra entreter e educar, principalmente, os jovens desta parte segregada da sociedade. A causa é nobre... as ações quase nada. A prefeitura, pra dar satisfações a sociedade, dá dinheiro pra uma ONG fazer o trabalho... alguém já viu algo parecido no outro lado do oceano?!
É uma dinheirama jogada fora... enquanto isso os jovens, filhos dos que imigraram, ficam no seu canto com um sentimento de revolta contra a parte branca e contra eles mesmos... a tensão existente entre os grupos vindo cada qual de um país é bastante grande. Problemas de rebeldia e violência são cada vez mais comuns... algumas pessoas aqui deveriam assistir “Cidade de Deus”.
Do meu lado, estou tentando fazer o melhor possível, o que não é muito facil... mas estou tentando. A instituição da picaretagem no meu local de trabalho ainda me desistimula um pouco, mas acho que estou começando a conseguir enfrentar melhor isso. Com os jovens ainda estou na fase de ganhar a confiança, ser reconhecido e depois respeitado... se conseguir isso já valeu o desafio e como já falei, o salário fixo no final do mês tem me deixado um pouco mais animado.
Uma das loucuras por aqui é que as férias são uma coisa muito importante pra todos, e por isso muito respeitadas, inclusive pelos pratrões. Quando fui começar o trampo falei: “já tenho férias programadas com minha namorada, isso é um problema?” Não foi, duas semanas depois de começar tive duas semanas de férias. Nós não fomos muito longe, pra mim foi até um bocado estranho férias tão cedo, mas a Susanne estava precisando.
Por alguns dias fomos pra uma ilha no norte da Holanda, Terschelling. Eu tento nunca comparar as coisas, mas desta vez foi difícil não ir com minha mente à Ilhabela, Ilha Grande ou mesmo Ilha do Mel, onde pude aproveitar dias maravilhosos desfrutando de praias muitas vezes desertas. Eu sabia que por aqui estas coisas são meio irreais... mas bem, era melhor voltar a realidade e aproveitar os dias que teria por lá.
Logo na chegada pegamos as bicicletas já reservadas. Pode-se levar o carro até a ilha, mas a grande maioria das pessoas opta por alugar bicicletas, gastar umas calorias a mais e aproveitar o vento na cara durante estadia. As mesmas lojas que alugam as bicicletas levam nossa bagagem ao camping. Pra minha supresa a ilha era mais bonita que imaginava. Não só pra minha, era nítido que muitos dos visitantes se surpreendem com a natureza encontrada. É uma mistura de bosques, diques, pequenas dunas e praias. A ilha estava cheia e por isso pedalávamos sempre pra locais mais distantes a fim de encontrar as praias mais tranquilas... e não é que pra minha felicidade eu descobri que existem praias desertas na Holanda!!!! Parecia um milagre, mas foi só pedalar uns quilometros a mais e caminhar um pouco sobre as dunas que lá estavam elas... vazias. A gente se encostava no pé das dunas, pra aproveitar um pouquinho de sombra de alguns arbustos. De lá até a água eram vários campos de futebol de distância. Nunca tinha visto praias tão largas. Mas não fazia mal, pois como o sol aqui não chega a pino nesta época do ano, a areia, mesmo no dia quente, não chega nem perto de arder. A caminhada pra água é bem gostosa e na volta já chegamos secos, a canga quase não fica molhada! Haha. Foram dias bem gostosos de tranquilas idas e vindas à água, que felizmente não estava tão fria... numa destas resolvi fazer meu primeiro tchbum pelado por estas bandas. Ao sair da água eu não tive como não cantar: “caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento... eu vou... por que não?!?! por que não?!?!”
Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
domingo, 9 de março de 2008
Circo de Solei
Amsterdam, 27 de agosto de 2007
O final de semana foi movimentado aqui em Amsterdam. Foi a abertura da temporada cultural na cidade. Vários shows em vários locais, a maioria abertos ao público. O palco central ficava num bairro construído sobre uma ilha artificial. Por ser um canto novo da cidade as construções são completamente diferentes do que a gente pode ver pela cidade. Mas também é bonito... acho que vou começar a incluir a Ilha de Java nos próximos passeios turísticos que eu fizer por aqui...
A noite foi bem gostosa, aproveitamos bastante, mas a volta pra casa foi uma loucura, que trânsito. Todo mundo tinha que escoar pra cidade por uma única ponte... Uns queriam chegar rápido, outros não estavam nem aí... e o nível alcólico estava lá pra cima! No meio daquilo tudo ainda os “folgados” dos pedestres que fugiam das calçadas e vinham botar mais lenha na fogueira... o único alento é que nesse trânsito a gente não sente aquele cheiro de escapamento, afinal, estava todo mundo pedalando.
Falando em bicicletas... as bicicletas aqui em Amsterdam são quase sempre em modelos bem usados... por vários motivos pouca gente se arrisca a comprar modelos novos. A minha por exemplo... as partes que poderiam enferrujar já estão pra lá de enferrujadas. Ela tem um quadro velho, preto, e todo decorada com adesivos de coração, cada um mais colorido que o outro. O pedal vai o tempo apitando, parece um carro de boi, e por aí vai... Ainda acho muito engraçado ver bicicletas tão, ou mais, usadas que a minha carregando sobre ela um engravadado, ou uma senhora toda elegante...
Sinceramente, eu posso dizer que as holandesas pedalando no trânsito brasileiro causariam grandes acidentes. Fiquem tranquilas... não quero dizer que mulheres são barbeiras... Mas imaginem só uma mulher loira, alta, bonita (pra não dizer outra coisa) vestida com uma calça com cintura bem baixa, que quando ela se senta, quase todos os homens aí no Brasil ficam esticando o olho pra ver se o cofrinho vai aparecer? Pois é... imaginem essa mulher pedalando na sua frente (ou na frente do motorista ao seu lado, caso você seja mulher)? !
Mas bem, ainda haveria uma situação mais grave... imaginem que a mesma mulher, em vez de vestir uma calça com cintura baixa, tenha resolvido trabalhar de saia e que ela esteja pedalando na sua frente, mas no sentido contrário... seria colisão frontal na certa!!
Normalmente as mulheres de saia pedalam com uma das mão quase que em prontidão pra tentar impedir que o vento faça o que seria natural... mas o vento é sempre mais rápido e as saias voam com ele!. Outro dia estava chovendo um pouco quando ia pro trabalho... no caminho uma mulher pedalando de saia e segurando o guarda chuva. Imaginem o dilema dela.
No domingo, ultimo dia dos concertos abertos ao público, nós fomos mais uma vez ao palco daquela ilha... pegamos vários trechos de musicais que estão sendo apresentados por aqui. Vimos inclusive uma parte de um musical bem conhecido, “Les Miserables”. Achei bem bacana. Mas o mais interessante estava pra vir... no primeiro dia vimos um trecho do espetáculo “Afrika”. Uma espécie de Circo de Solei que conta apenas com artistas africanos e no qual tudo é relacionado com aquele continente. O cara parecia não ter ossos... foi incrível. Bem, se esta apresentação já tinha sido muito boa, imaginem a do Circo de Solei, que iria fechar as apresentações do final de semana... eu fiquei imaginando...
Logo que os musicais terminaram nos perguntamos, como poderia haver ali uma apresentanção do Circo de Solei com os instrumentos da orquestra que tinha acabado de tocar tomando tanto espaço no palco. Devia ser algum truque deles...
Um pouco antes das 10:30, horário marcado pro show começar, entram com uma mesa onde um DJ iria se apresentar... Circo de Solei com DJ... uma combinação interessante.
O DJ começa... ao fundo, um grande telão com imagens de um dos shows do Circo de Solei... As luzes e a fumaça aumentavam a minha ansiedade... A música tecno rolando e eu me perguntando: por onde os caras vão entar? O que eles vão fazer?
Eles são reconhecidos em todo o mundo como do melhor que há em entreternimento e espetáculo... eu estava prestes a ver um trechinho e de graça!!!
As músicas continuaram rolando... as imagens no telão também... o DJ tentava animar o público, eu não me animava... algumas pessoas começaram a ir embora, mas eu não quis ir... achei difícil acreditar naquilo tudo. Quando o “show” acabou vieram aplausos e vaias, eu colaborei com as ultimas... a Susanne tentava me animar... mas não dava... tinham roubado o doce desta criança.
E eu ainda tinha que enfrentar aquele trânsito louco pra chegar em casa!
O final de semana foi movimentado aqui em Amsterdam. Foi a abertura da temporada cultural na cidade. Vários shows em vários locais, a maioria abertos ao público. O palco central ficava num bairro construído sobre uma ilha artificial. Por ser um canto novo da cidade as construções são completamente diferentes do que a gente pode ver pela cidade. Mas também é bonito... acho que vou começar a incluir a Ilha de Java nos próximos passeios turísticos que eu fizer por aqui...
A noite foi bem gostosa, aproveitamos bastante, mas a volta pra casa foi uma loucura, que trânsito. Todo mundo tinha que escoar pra cidade por uma única ponte... Uns queriam chegar rápido, outros não estavam nem aí... e o nível alcólico estava lá pra cima! No meio daquilo tudo ainda os “folgados” dos pedestres que fugiam das calçadas e vinham botar mais lenha na fogueira... o único alento é que nesse trânsito a gente não sente aquele cheiro de escapamento, afinal, estava todo mundo pedalando.
Falando em bicicletas... as bicicletas aqui em Amsterdam são quase sempre em modelos bem usados... por vários motivos pouca gente se arrisca a comprar modelos novos. A minha por exemplo... as partes que poderiam enferrujar já estão pra lá de enferrujadas. Ela tem um quadro velho, preto, e todo decorada com adesivos de coração, cada um mais colorido que o outro. O pedal vai o tempo apitando, parece um carro de boi, e por aí vai... Ainda acho muito engraçado ver bicicletas tão, ou mais, usadas que a minha carregando sobre ela um engravadado, ou uma senhora toda elegante...
Sinceramente, eu posso dizer que as holandesas pedalando no trânsito brasileiro causariam grandes acidentes. Fiquem tranquilas... não quero dizer que mulheres são barbeiras... Mas imaginem só uma mulher loira, alta, bonita (pra não dizer outra coisa) vestida com uma calça com cintura bem baixa, que quando ela se senta, quase todos os homens aí no Brasil ficam esticando o olho pra ver se o cofrinho vai aparecer? Pois é... imaginem essa mulher pedalando na sua frente (ou na frente do motorista ao seu lado, caso você seja mulher)? !
Mas bem, ainda haveria uma situação mais grave... imaginem que a mesma mulher, em vez de vestir uma calça com cintura baixa, tenha resolvido trabalhar de saia e que ela esteja pedalando na sua frente, mas no sentido contrário... seria colisão frontal na certa!!
Normalmente as mulheres de saia pedalam com uma das mão quase que em prontidão pra tentar impedir que o vento faça o que seria natural... mas o vento é sempre mais rápido e as saias voam com ele!. Outro dia estava chovendo um pouco quando ia pro trabalho... no caminho uma mulher pedalando de saia e segurando o guarda chuva. Imaginem o dilema dela.
No domingo, ultimo dia dos concertos abertos ao público, nós fomos mais uma vez ao palco daquela ilha... pegamos vários trechos de musicais que estão sendo apresentados por aqui. Vimos inclusive uma parte de um musical bem conhecido, “Les Miserables”. Achei bem bacana. Mas o mais interessante estava pra vir... no primeiro dia vimos um trecho do espetáculo “Afrika”. Uma espécie de Circo de Solei que conta apenas com artistas africanos e no qual tudo é relacionado com aquele continente. O cara parecia não ter ossos... foi incrível. Bem, se esta apresentação já tinha sido muito boa, imaginem a do Circo de Solei, que iria fechar as apresentações do final de semana... eu fiquei imaginando...
Logo que os musicais terminaram nos perguntamos, como poderia haver ali uma apresentanção do Circo de Solei com os instrumentos da orquestra que tinha acabado de tocar tomando tanto espaço no palco. Devia ser algum truque deles...
Um pouco antes das 10:30, horário marcado pro show começar, entram com uma mesa onde um DJ iria se apresentar... Circo de Solei com DJ... uma combinação interessante.
O DJ começa... ao fundo, um grande telão com imagens de um dos shows do Circo de Solei... As luzes e a fumaça aumentavam a minha ansiedade... A música tecno rolando e eu me perguntando: por onde os caras vão entar? O que eles vão fazer?
Eles são reconhecidos em todo o mundo como do melhor que há em entreternimento e espetáculo... eu estava prestes a ver um trechinho e de graça!!!
As músicas continuaram rolando... as imagens no telão também... o DJ tentava animar o público, eu não me animava... algumas pessoas começaram a ir embora, mas eu não quis ir... achei difícil acreditar naquilo tudo. Quando o “show” acabou vieram aplausos e vaias, eu colaborei com as ultimas... a Susanne tentava me animar... mas não dava... tinham roubado o doce desta criança.
E eu ainda tinha que enfrentar aquele trânsito louco pra chegar em casa!
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Hospedando em Amsterdam... visitando na Italia

Amsteram, 21 de junho de 2007
Há duas semana recebi aqui um grupo de brasileiros, vieram o Ney, amigo da faculdade, e quatro amigos dele. Alguns dormiram aqui em casa, que por ser pequena não comportava todo mundo.
Mais uma vez me perdi pelas ruas e canais de Amsterdam. Pude recontar as histórias sobre a cidade e sobre os holandesas que eu conheço. Os levei pra conhecer minha família. Como é interessante observar as diferenças... e as semelhanças. Eu hoje compreendo os dois lados.
A cada dia que conheço esta cidade, descubro que ainda conheço muito pouco dela. Sempre vejo coisas novas, ouço novas histórias, ou descubro que algumas delas não eram verdade.
Lembram da casa de 1,70 metros de largura?!?!
Pois é... me enganaram! Estava lá, mostrando-a aos meus amigos visitantes quando ouço um holandês gritar, em português (ele nos contou que é casado com uma brasileira), de uma janela na casa ao lado:
- Esta casa engana! Ela é fina assim mas fica larga logo depois. Ela tem na parte do fundo a largura de uma casa normal.
Bem, vi que um narigudo pode entrar sim naquela casa sem se preocupar como pretende sair e que estes holandeses eram mais espertos do que imaginava. Afinal, o cara fez uma casa de 1,70 metros de largura na frente, pagava o imposto sobre isto e desfrutava na parte de trás de uma casa com a largura de uma casa normal. Quem disse que o jeitinho brasileiro é uma invenção brasileira?!
No final da viagem o Ney, o Ernesto, o Vini, o Marcelo e a Patricia não sabiam como agradecer o que proporcionamos e eles por aqui. Mas eles não tinham o que agradecer. Poucos conseguem entender é o quanto é gostoso pra mim, que vivo aqui, receber conterrâneos interessados em conhecer a parte da Holanda que fica pra fora dos CoffeShop’s. É uma maneira deliciosa de matar as saudades do Brasil... é como se um pedaço da montanha viesse ao Maomé.
E tem outra, alguns dias depois eu chegava à casa do Stefano, um amigo italiano dos tempos de Portugal, que vive nos arredores do Roma. A vida é assim... um dia recebemos e no outro somos recebidos.
Passamos o primeiro dia na casa da família dele, em Nettuno. Esta cidade fica a beira do mar... que mar quentinho... depois de sete meses longe de águas quentes me esbaldei no mediterrâneo.
Nettuno foi um ponto estratégico muito importante durante a conquista da Itália pelas tropas aliadas na segunda guerra. Foi algo parecido com o Dia D na costa francesa. A cidade e as pessoas são bastante agradecidas ao que as tropas americas fizeram por elas. Alí foi constuído um dos maiores cemitérios americanos da Europa, onde foram enterrados os combatentes impedidos de voltar pra casa. A conquista americana deixou suas marcas: a pequena cidade tem uma das equipes de baseball mais importante da Europa.
Poucos são os italianos que falam inglês, a família do Stefano não era diferente. Mas isso não foi problema em momento algum. A Susanne catando palavras em portugues ou espanhol que podiam ser melhor percebidas e eu com meu italiano aprendido com os Mezzenga e Berdinazzi das novelas da Globo pudemos compreender e ser compreendidos. Jantamos com eles um jantar típico italiano, com muita massa. Foi minha primeira lasagna genuina de uma mama italiana.
Na massa italiana a massa é o mais importante, nas nossas no Brasil, adicionamos tantas outras coisas, que massa perde um pouco de sua importância. Não há como comparar as duas cozinhas. Elas são bastante diferentes. Se me pedissem pra escolher entre os mesmos pratos, um original e o outro à brasileira... eu pegaria um pedaço de cada.
A Itália é meio confusa como o Brasil, seu transito é louco como o nosso. As pessoas usam carro pra tudo, por isso as ruas são sempre caóticas, ainda mais pela presença das lambretinhas. As pessoas ligam horas depois do horário combinado, chegam atrasadas, mas há grande espontaniedade. Quando nos sentamos pra comer só saímos quando a barriga está pra lá de cheia...
Chegamos a Roma em nosso segundo dia de viagem. Roma é caótica. Roma é história.
Lá, saímos de um metro lotado e damos de frente com o Coliseu. Enquanto mergulhamos pelas ruínas da Roma antiga somos repentinamente trazidos a realidade por mais uma cirene de uma das ambulâncias que parecem não parar nunca.
Muitas praças e igrejas de Roma foram construídas com pedras retiradas dele, fizeram de tudo pra acabar com aquilo... mas ele resistiu. O Coliseu está lá até hoje em meio aquela louca cidade. Estar ali na frente, ou lá dentro é voltar no tempo. Eu sei que as coisas que aconteciam alí eram bárbaras, mas eu vibrava, parecia que dava pra ouvir: Maximus!!! Maximus!!!! Maximus!!!!
A obra romana mais conservada é o Pantheon. Ele perto de seus 2000 anos tem muitas de suas características originais. No começo era um templo a todos os deuses mas depois de “catequizado” se tornou um templo da igreja católica. Parece que esta transformação foi o que impediu que ele, como os outros, fosse depredado. Mas não porque não iam o depredar por ser igreja, mas sim para não virar uma igreja!
Seu teto, uma imensa cúpula com quase 44 metros de diâmetro, ainda é festejado pelo mundo por seu um dos maiores e mais bem conrtuídos da história.
Diferentemente de outras cúpulas, esta tem uma abertura na parte superior, com 9 metros de diâmetro. De lá de dentro, quando olhamos pra cima vemos o céu. Ou seja, se estiver dia bonito vemos céu azul mas se estiver chovendo... segundo meu amigo Stefano, os pingos não caem lá dentro. A história parece ser um mito.
Dizem que a construição foi tão bem feita que lá a chuva não entrava. De uma coisa não há como duvidar... o negócio foi realmente bem feito! Tenho a boca aberta até agora. Não há como negar que os arquitetos e contrutures eram quase mágicos por fazer uma coisa daquele tipo a tanto tempo atrás, mas daí a fazerem uma abertura de 9 metros por onde a água da chuva não passa parecia mágica demais pra mim.
Mesmo depois assistir a um tour digital, seguir alguns guias profissionais, ler nossos dois guias de Roma e não conseguir resposta pra minha pergunta, resolvi usar todo meu italiano e perguntar pra pessoa que melhor poderia saber sobre isso: um dos seguranças do Pantheon.
- Senhore, io posso faire una pergunta?
- Si, claro.
- Que passa quando piove – enquanto apontava a abertura no teto.
A resposta não poderia ser mais elucidativa:
- PIOVE DENTRO!!
Eu pude perceber muito bem que aquele tom de voz dizia também outra coisa: “como são estúpidos estes turistas” haha
Nos encontramos durante estes dias com vários amigos feitos quando vivemos em Portugal. Além do Stefano, mais alguns italianos: Antonio, Alessia, Lizzi e mais duas duas Tchecas, Janna e Lucka. Não houve nada muito planejado, foi tudo muito espontâneo e as vezes rápido. Os abraços de reencontro foram dados pelas pequenas ruas e praças de Roma. Tentávamos por o assunto em dia enquanto caminhávamos em meio aqueles antigos prédios do centro da cidade, ou enquanto comíamos uma pizza ou um macarrão à carbonara. O tempo dava mais uma vez aquele salto mágico... “tudo parecia ter sido ontem, e hoje estamos aqui, tomando um sorvete em frente ao Pantheon.”
Vimos muito, mas deixamos ainda muito de Roma por visitar. Nem o Papa conseguimos ver. Ele resolveu viajar naqueles dias. Os dias se passaram rapidamente. Mas foram intensos e não serão esquecidos...
Eu sempre discutia com amigos italianos sobre qual a melhor pizza do mundo. Agora, finalmente, posso dar uma opnião mais fundamentada... Se os italianos conhecessem catupiry, eu poderia dizer que a pizza deles é melhor que a nossa.
Agora numa coisa não há o que discutir... como é gostoso o sorvete italiano!
Há duas semana recebi aqui um grupo de brasileiros, vieram o Ney, amigo da faculdade, e quatro amigos dele. Alguns dormiram aqui em casa, que por ser pequena não comportava todo mundo.
Mais uma vez me perdi pelas ruas e canais de Amsterdam. Pude recontar as histórias sobre a cidade e sobre os holandesas que eu conheço. Os levei pra conhecer minha família. Como é interessante observar as diferenças... e as semelhanças. Eu hoje compreendo os dois lados.
A cada dia que conheço esta cidade, descubro que ainda conheço muito pouco dela. Sempre vejo coisas novas, ouço novas histórias, ou descubro que algumas delas não eram verdade.
Lembram da casa de 1,70 metros de largura?!?!
Pois é... me enganaram! Estava lá, mostrando-a aos meus amigos visitantes quando ouço um holandês gritar, em português (ele nos contou que é casado com uma brasileira), de uma janela na casa ao lado:
- Esta casa engana! Ela é fina assim mas fica larga logo depois. Ela tem na parte do fundo a largura de uma casa normal.
Bem, vi que um narigudo pode entrar sim naquela casa sem se preocupar como pretende sair e que estes holandeses eram mais espertos do que imaginava. Afinal, o cara fez uma casa de 1,70 metros de largura na frente, pagava o imposto sobre isto e desfrutava na parte de trás de uma casa com a largura de uma casa normal. Quem disse que o jeitinho brasileiro é uma invenção brasileira?!
No final da viagem o Ney, o Ernesto, o Vini, o Marcelo e a Patricia não sabiam como agradecer o que proporcionamos e eles por aqui. Mas eles não tinham o que agradecer. Poucos conseguem entender é o quanto é gostoso pra mim, que vivo aqui, receber conterrâneos interessados em conhecer a parte da Holanda que fica pra fora dos CoffeShop’s. É uma maneira deliciosa de matar as saudades do Brasil... é como se um pedaço da montanha viesse ao Maomé.
E tem outra, alguns dias depois eu chegava à casa do Stefano, um amigo italiano dos tempos de Portugal, que vive nos arredores do Roma. A vida é assim... um dia recebemos e no outro somos recebidos.
Passamos o primeiro dia na casa da família dele, em Nettuno. Esta cidade fica a beira do mar... que mar quentinho... depois de sete meses longe de águas quentes me esbaldei no mediterrâneo.
Nettuno foi um ponto estratégico muito importante durante a conquista da Itália pelas tropas aliadas na segunda guerra. Foi algo parecido com o Dia D na costa francesa. A cidade e as pessoas são bastante agradecidas ao que as tropas americas fizeram por elas. Alí foi constuído um dos maiores cemitérios americanos da Europa, onde foram enterrados os combatentes impedidos de voltar pra casa. A conquista americana deixou suas marcas: a pequena cidade tem uma das equipes de baseball mais importante da Europa.
Poucos são os italianos que falam inglês, a família do Stefano não era diferente. Mas isso não foi problema em momento algum. A Susanne catando palavras em portugues ou espanhol que podiam ser melhor percebidas e eu com meu italiano aprendido com os Mezzenga e Berdinazzi das novelas da Globo pudemos compreender e ser compreendidos. Jantamos com eles um jantar típico italiano, com muita massa. Foi minha primeira lasagna genuina de uma mama italiana.
Na massa italiana a massa é o mais importante, nas nossas no Brasil, adicionamos tantas outras coisas, que massa perde um pouco de sua importância. Não há como comparar as duas cozinhas. Elas são bastante diferentes. Se me pedissem pra escolher entre os mesmos pratos, um original e o outro à brasileira... eu pegaria um pedaço de cada.
A Itália é meio confusa como o Brasil, seu transito é louco como o nosso. As pessoas usam carro pra tudo, por isso as ruas são sempre caóticas, ainda mais pela presença das lambretinhas. As pessoas ligam horas depois do horário combinado, chegam atrasadas, mas há grande espontaniedade. Quando nos sentamos pra comer só saímos quando a barriga está pra lá de cheia...
Chegamos a Roma em nosso segundo dia de viagem. Roma é caótica. Roma é história.
Lá, saímos de um metro lotado e damos de frente com o Coliseu. Enquanto mergulhamos pelas ruínas da Roma antiga somos repentinamente trazidos a realidade por mais uma cirene de uma das ambulâncias que parecem não parar nunca.
Muitas praças e igrejas de Roma foram construídas com pedras retiradas dele, fizeram de tudo pra acabar com aquilo... mas ele resistiu. O Coliseu está lá até hoje em meio aquela louca cidade. Estar ali na frente, ou lá dentro é voltar no tempo. Eu sei que as coisas que aconteciam alí eram bárbaras, mas eu vibrava, parecia que dava pra ouvir: Maximus!!! Maximus!!!! Maximus!!!!
A obra romana mais conservada é o Pantheon. Ele perto de seus 2000 anos tem muitas de suas características originais. No começo era um templo a todos os deuses mas depois de “catequizado” se tornou um templo da igreja católica. Parece que esta transformação foi o que impediu que ele, como os outros, fosse depredado. Mas não porque não iam o depredar por ser igreja, mas sim para não virar uma igreja!
Seu teto, uma imensa cúpula com quase 44 metros de diâmetro, ainda é festejado pelo mundo por seu um dos maiores e mais bem conrtuídos da história.
Diferentemente de outras cúpulas, esta tem uma abertura na parte superior, com 9 metros de diâmetro. De lá de dentro, quando olhamos pra cima vemos o céu. Ou seja, se estiver dia bonito vemos céu azul mas se estiver chovendo... segundo meu amigo Stefano, os pingos não caem lá dentro. A história parece ser um mito.
Dizem que a construição foi tão bem feita que lá a chuva não entrava. De uma coisa não há como duvidar... o negócio foi realmente bem feito! Tenho a boca aberta até agora. Não há como negar que os arquitetos e contrutures eram quase mágicos por fazer uma coisa daquele tipo a tanto tempo atrás, mas daí a fazerem uma abertura de 9 metros por onde a água da chuva não passa parecia mágica demais pra mim.
Mesmo depois assistir a um tour digital, seguir alguns guias profissionais, ler nossos dois guias de Roma e não conseguir resposta pra minha pergunta, resolvi usar todo meu italiano e perguntar pra pessoa que melhor poderia saber sobre isso: um dos seguranças do Pantheon.
- Senhore, io posso faire una pergunta?
- Si, claro.
- Que passa quando piove – enquanto apontava a abertura no teto.
A resposta não poderia ser mais elucidativa:
- PIOVE DENTRO!!
Eu pude perceber muito bem que aquele tom de voz dizia também outra coisa: “como são estúpidos estes turistas” haha
Nos encontramos durante estes dias com vários amigos feitos quando vivemos em Portugal. Além do Stefano, mais alguns italianos: Antonio, Alessia, Lizzi e mais duas duas Tchecas, Janna e Lucka. Não houve nada muito planejado, foi tudo muito espontâneo e as vezes rápido. Os abraços de reencontro foram dados pelas pequenas ruas e praças de Roma. Tentávamos por o assunto em dia enquanto caminhávamos em meio aqueles antigos prédios do centro da cidade, ou enquanto comíamos uma pizza ou um macarrão à carbonara. O tempo dava mais uma vez aquele salto mágico... “tudo parecia ter sido ontem, e hoje estamos aqui, tomando um sorvete em frente ao Pantheon.”
Vimos muito, mas deixamos ainda muito de Roma por visitar. Nem o Papa conseguimos ver. Ele resolveu viajar naqueles dias. Os dias se passaram rapidamente. Mas foram intensos e não serão esquecidos...
Eu sempre discutia com amigos italianos sobre qual a melhor pizza do mundo. Agora, finalmente, posso dar uma opnião mais fundamentada... Se os italianos conhecessem catupiry, eu poderia dizer que a pizza deles é melhor que a nossa.
Agora numa coisa não há o que discutir... como é gostoso o sorvete italiano!
Um pouco de história
Amsterdam 30 de maio de 2007
Outro dia estava num ponto de onibus quando ouvi um casal brasileiro conversando... eram turistas. Em meus primeiros momentos longe do Brasil ouvir brasileiros era sempre uma alegria, como era gostoso encontrar conterrâneos estando longe de casa. Hoje já virou tudo meio normal, já não busco mais o contato sempre que ouço meu idioma. Pra ser sincero as vezes fico ouvindo a conversa e fingindo não entender nada.
Bem, com estávamos todos esperando por um ônibus eu pude acompanhar os devaneios do casal. Nas oportunidades que cruzo pessoas interessantes ou divertidas não há como manter a boca fechada! Mas daquela vez, me manter anônimo foi a melhor opção, afinal não ouvi nada de produtivo naquela conversa. Mas bem, quando meu ônibus estava chegando ouço um dos dois perguntar:
- Caramba! Como pode um paizinho como este, perdido aqui neste canto da Europa, ter sido tão importante na história, ter navegado pelo mundo todo e ser rico deste jeito?
Até que fiquei com vontade de responder, mas eu entrei naquele ônibus e eles não.
Pra não ficar passando vontade eu respondo aqui! Hahah
O Rio Reno, que aqui se chama Rijn (R = som do R sozinho do meio de uma palavra; IJN = áin) é um rio bastante imporante na Europa que passa por Suíça, Áustria, Liechtenstein, França, Alemanha e vem desaguar no mar do norte pela Holanda. Assim, muitos produtos exportados e importados, via navegação por estes países eram obrigados (e ainda são) a passar pela Holanda. Os holandeses que não eram bobos nem nada cobravam impostos por isso, isso quando os próprios não resolviam comercializar os produtos. O porto de Rotterdam, um dos mais importantes do mundo fica nas márgens do Rio Reno.
Exemplificando: durante a revolução industrial, as cidades na Europa cresceram tanto que elas não conseguiam oferecer água potável pra todo mundo. Beber água era sempre um risco de contrair cólera. Como a bactéria que provoca esta doença não sobrevive ao processo de fermentação a cerveja era uma das bebidas a prova de cólera. Ou seja, bebia-se mais cerveja que água.
Na época, o maior produtor de cerveja era a Alemanha e grande parte de sua produção, devido a grande demanda, era exportada para outros países europeus. Os holandeses não só comercializavam a cerveja alemã pela Europa como tinham também o monopólio desta atividade, graças a importância do Rio Reno.
O tempo foi passando e os caras em vez de ficarem lembrando as conquistas do império resolveram se modernizar e construir outros impérios: Shell, ABN Amro Bank, C&A, Philips, Heinecken e por aí vai.
Já que eu falei em impostos... antigamente (isso é bem antigamente mesmo!!!), quando Amsterdam começou a crescer, o imposto cobrado sobre as casas, nosso IPTU, não era calculado em função da área construída, mas sim da a largura da frente das casas. Ou seja, pra pagar menos os caras construíam casas bem estreitas e altas. Por isso é comum ver por aqui casas com 5-8 metros de frente e 3, 4 ou 5 andares!!! O que, somado ao fato de que por serem muito antigas e construídas em terreno pantanoso a maioria foi se cambaleando com tempo, dá um encanto todo especial à cidade.
Porém, acredito que um cidadão se rebelou contra os impostos. O cara construiu uma casa de 3 andares com 1 metro de 80 centímetros de largura!!!! Alguém muito narigudo deve ter que entrar lá de frente em sair de costas!
Com as temperaturas mais agradáveis, devido à aproximação do verão, mais pessoas ainda usam bicicletas como meio de transporte... ou seja o transito nas ciclovias que já é sempre meio louco, tem ficado cada dia mais insano. Pedalar em horário de pico me faz lembrar de São Paulo. E se São Paulo tem os motoboys pra infernizar a vida de quem dirige, Amsterdam tem seus turistas infernizando quem pedala!
Os turistas nunca sabem diferenciar a calçada da ciclovia, ou seja, quando a gente menos espera aparece um turista na nossa frente. Isso quado não é um grupo que de uma hora pra outra ruma da calçada pro nosso caminho... quando passo por locais onde há mais presença de turistas eu ando com o dedo da buzina, e o sininho toca como eu louco. Mas eu tento nunca me irritar, afinal já fui turista por aqui e sei como é difícil apreciar as belezas da cidade, tirar fotos, se orientar com a ajuda de mapas e ainda perceber que estamos caminhando sobre a ciclovia!
E quando eles resolvem alugar bibicletas pra passear por aqui?! Parecem domingueiros!! Felizmente a maioria da lojas que as alugam, por motivos de publicidade, identificam muito bem suas bicicletas. Por isso podemos sempre ter um cuidado a mais quando cruzamos algum.
Outro dia estava num ponto de onibus quando ouvi um casal brasileiro conversando... eram turistas. Em meus primeiros momentos longe do Brasil ouvir brasileiros era sempre uma alegria, como era gostoso encontrar conterrâneos estando longe de casa. Hoje já virou tudo meio normal, já não busco mais o contato sempre que ouço meu idioma. Pra ser sincero as vezes fico ouvindo a conversa e fingindo não entender nada.
Bem, com estávamos todos esperando por um ônibus eu pude acompanhar os devaneios do casal. Nas oportunidades que cruzo pessoas interessantes ou divertidas não há como manter a boca fechada! Mas daquela vez, me manter anônimo foi a melhor opção, afinal não ouvi nada de produtivo naquela conversa. Mas bem, quando meu ônibus estava chegando ouço um dos dois perguntar:
- Caramba! Como pode um paizinho como este, perdido aqui neste canto da Europa, ter sido tão importante na história, ter navegado pelo mundo todo e ser rico deste jeito?
Até que fiquei com vontade de responder, mas eu entrei naquele ônibus e eles não.
Pra não ficar passando vontade eu respondo aqui! Hahah
O Rio Reno, que aqui se chama Rijn (R = som do R sozinho do meio de uma palavra; IJN = áin) é um rio bastante imporante na Europa que passa por Suíça, Áustria, Liechtenstein, França, Alemanha e vem desaguar no mar do norte pela Holanda. Assim, muitos produtos exportados e importados, via navegação por estes países eram obrigados (e ainda são) a passar pela Holanda. Os holandeses que não eram bobos nem nada cobravam impostos por isso, isso quando os próprios não resolviam comercializar os produtos. O porto de Rotterdam, um dos mais importantes do mundo fica nas márgens do Rio Reno.
Exemplificando: durante a revolução industrial, as cidades na Europa cresceram tanto que elas não conseguiam oferecer água potável pra todo mundo. Beber água era sempre um risco de contrair cólera. Como a bactéria que provoca esta doença não sobrevive ao processo de fermentação a cerveja era uma das bebidas a prova de cólera. Ou seja, bebia-se mais cerveja que água.
Na época, o maior produtor de cerveja era a Alemanha e grande parte de sua produção, devido a grande demanda, era exportada para outros países europeus. Os holandeses não só comercializavam a cerveja alemã pela Europa como tinham também o monopólio desta atividade, graças a importância do Rio Reno.
O tempo foi passando e os caras em vez de ficarem lembrando as conquistas do império resolveram se modernizar e construir outros impérios: Shell, ABN Amro Bank, C&A, Philips, Heinecken e por aí vai.
Já que eu falei em impostos... antigamente (isso é bem antigamente mesmo!!!), quando Amsterdam começou a crescer, o imposto cobrado sobre as casas, nosso IPTU, não era calculado em função da área construída, mas sim da a largura da frente das casas. Ou seja, pra pagar menos os caras construíam casas bem estreitas e altas. Por isso é comum ver por aqui casas com 5-8 metros de frente e 3, 4 ou 5 andares!!! O que, somado ao fato de que por serem muito antigas e construídas em terreno pantanoso a maioria foi se cambaleando com tempo, dá um encanto todo especial à cidade.
Porém, acredito que um cidadão se rebelou contra os impostos. O cara construiu uma casa de 3 andares com 1 metro de 80 centímetros de largura!!!! Alguém muito narigudo deve ter que entrar lá de frente em sair de costas!
Com as temperaturas mais agradáveis, devido à aproximação do verão, mais pessoas ainda usam bicicletas como meio de transporte... ou seja o transito nas ciclovias que já é sempre meio louco, tem ficado cada dia mais insano. Pedalar em horário de pico me faz lembrar de São Paulo. E se São Paulo tem os motoboys pra infernizar a vida de quem dirige, Amsterdam tem seus turistas infernizando quem pedala!
Os turistas nunca sabem diferenciar a calçada da ciclovia, ou seja, quando a gente menos espera aparece um turista na nossa frente. Isso quado não é um grupo que de uma hora pra outra ruma da calçada pro nosso caminho... quando passo por locais onde há mais presença de turistas eu ando com o dedo da buzina, e o sininho toca como eu louco. Mas eu tento nunca me irritar, afinal já fui turista por aqui e sei como é difícil apreciar as belezas da cidade, tirar fotos, se orientar com a ajuda de mapas e ainda perceber que estamos caminhando sobre a ciclovia!
E quando eles resolvem alugar bibicletas pra passear por aqui?! Parecem domingueiros!! Felizmente a maioria da lojas que as alugam, por motivos de publicidade, identificam muito bem suas bicicletas. Por isso podemos sempre ter um cuidado a mais quando cruzamos algum.
Os alucinados
Amsterdam, 10 de maio de 2007
- “I’ll jump! I’ll jump!”
E a galera delirava!!!! – “Pula!”
Embaixo um casal de policiais, bem educados, pedindo pros dois malucos descerem. Algo inimaginável no Brasil.
No dia anterior tinha sido o “Dia da Rainha”. Acho que posso dizer com certeza que esta é a maior festa holandesa. As ruas de Amsterdam ficam forradas de pessoas, a maioria vestinho laranja e os canais ficam tomados por barcos. Foi a primeira vez que eu vi um congestionamento de barcos na minha vida!
Em cada praça encontramos palcos com show de músicas ao vivo ou um DJ. Muito bacana. Nos faz lembrar bem o nosso carnaval. Se alguém puder escolher um final de semana no ano pra vir a Amsterdam eu sugiro o final de semana do Koninginnedag. Deu pra aproveitar bastante a festa, ainda mais porque o clima colaborou... foi um dia de sol bem gostoso. A única frustração foi me encontrar com alguns amigos de meu time de futebol e perceber que ainda não cheguei num estágio que possa compreender um bêbado num dia de festa. Quem sabe no próximo ano.
Este dia é pra homenagiar o dia do aniversário de uma antiga rainha. A atual resolveu manter a data, dia 30 de abril, mas mesmo que este não seja seu aniversário as homenagens são direcionadas a ela. Eu não estou nem aí pra rainha, mas como a festa é boa eu me junto com certeza às homenagens. Agora só quero ver como vai ser quando a atual princesa for promovida... vou continuar festejando, mas saudar uma rainha que por baixo da camisa laranja veste azul e branco vai ser mais difícil. Enquanto pra todo mundo ela será rainha pra mim ela será “hermana”! hah
Como eu falei, é meio um carnaval. A bebedeira começa na noite anterior e se estende pelo dia todo... acho que alguns, principalmente os estrangeiros, em vez de curtir ressaca do dia seguinte resolvem retardá-las pelos CoffeShops da cidade. Sinceramente acho que os dois malucos fizeram isso.
Ambos estavam sobre uma grua que deveria estar sendo usada pra retirar os enfeites do dia anterior. Um deles continuava a gritar: “I’ll jump”. A galera, que é igual em todo o lugar do mundo, continuava a pedir: “Pula!” Os policiais, agora já com a ajuda dos bombeiros, e um grande colchão de ar embaixo daquilo, continuavam com a educada tentativa de convencer os dois malucos a descer.
A grua do carro dos bombeiros ajudou um dos policiais a se aproximar dos dois. O policial continuou educado até descarregar um frasco de spray de pimenta na cara de um dos doidos. O outro pulou! A galera delirou! O salto foi em direção de um canal que passava ao lado. Um foi preso com a cara toda ardida, o outro todo gelado!
O mês de abril aqui é marcado pela passagem do inverno pra primavera... nesta passagem contuma-se acontecer de tudo, é uma confusão climática só menos doida que os malucos da grua. Por aqui há um ditado: “April doet wat hij wilt!” (Abril faz o que ele quer). Ou seja, as quatro estações do ano podem ser vistas em intervalos de dias. Mas este ano abril fez o que eu quiz!!!!! Foi um mês de sol e temperaturas agradáveis. Muito bom pra pedalar, jogar tênis em quadra aberta e até pra ir à praia e entrar na água! Puta que água fria! O primeiro dia que eu sai de casa de bermudas e havainas foi incrível... o sorriso ia de orelha a orelha!
Bem, abril passou e infelizmente maio não vai fazer o que eu quero... o vento está forte pra caramba e a chuva vem e vai! Sair de casa voltou a ser aquela aventura de nunca saber se vamos chegar secos ao nosso destino.
Num dos ensolarados finais de semana de abril eu fui a um parque muito conhecido por aqui. Todo mundo quando pensa na Holanda pensa em algumas coisas específicas, dentre delas as Tulipas. É um parque que na verdade é um grande jardim com as mais variadas formas e cores de Tulipas que se possa imaginar. Tem hora que não se pode contar o número de cores vistas de uma só vez.
Eu sempre ouvi no Brasil que umas das maiores concentrações de japoneses no mundo fora do Japão está no bairro da Liberdade em São Paulo. Mas vou falar que depois da visita ao Keukenhof eu duvido desta afirmação. Atrás de cada Tulipa tem um japonês com uma câmera na mão. Isso quando a câmera não era um filmadora e eles não ficavam lá um tempo filmando uma flor. Eu concordo, é bonito pra caramba, mas é muito estranho ficar filmando flores se elas não vão piscar pra câmera, ou fazer uma pose...
Outro dia fui jantar com a Susanne num restaurante aqui perto de casa. Quando pedimos o cardádio ouvimos: “Sorry, I don’t speak dutch”. Como é comum isso por aqui! Há pessoas que vivem aqui durante muito tempo e não aprendem uma palavra de Holandês. Muitos dizem que como todo mundo fala inglês não há a necessidade de se aprender o idioma local. É muito bacana que quase todo mundo fala inglês, mas estou começando a achar que os holandeses deveriam ser um pouco mais franceses... Mas bem, numa outra mesa quando chamaram o tal garçom ele mais uma vez começou: “Sorry, I don’t speak dutch”. E na sequencia ele completou: “I don’t speak dutch because I came from (...). ” Como se fosse um impedimento pra quem vem do tal país aprender holandês. Ainda bem que ele não falou que era brasileiro.
Com a proximidade do verão o número de turistas aumenta, assim alguns fatos curiosos começam a aparecer. Não é raro quando alguns turistas se dirigem a alguma holandesa e perguntam: “Você pode tirar uma foto?”. Quando a resposta é positiva um dos turistas abraça a coitada e o outro vai registrar o momento! Só fico imaginando as histórias que devem ser contadas nos países de origem
- “I’ll jump! I’ll jump!”
E a galera delirava!!!! – “Pula!”
Embaixo um casal de policiais, bem educados, pedindo pros dois malucos descerem. Algo inimaginável no Brasil.
No dia anterior tinha sido o “Dia da Rainha”. Acho que posso dizer com certeza que esta é a maior festa holandesa. As ruas de Amsterdam ficam forradas de pessoas, a maioria vestinho laranja e os canais ficam tomados por barcos. Foi a primeira vez que eu vi um congestionamento de barcos na minha vida!
Em cada praça encontramos palcos com show de músicas ao vivo ou um DJ. Muito bacana. Nos faz lembrar bem o nosso carnaval. Se alguém puder escolher um final de semana no ano pra vir a Amsterdam eu sugiro o final de semana do Koninginnedag. Deu pra aproveitar bastante a festa, ainda mais porque o clima colaborou... foi um dia de sol bem gostoso. A única frustração foi me encontrar com alguns amigos de meu time de futebol e perceber que ainda não cheguei num estágio que possa compreender um bêbado num dia de festa. Quem sabe no próximo ano.
Este dia é pra homenagiar o dia do aniversário de uma antiga rainha. A atual resolveu manter a data, dia 30 de abril, mas mesmo que este não seja seu aniversário as homenagens são direcionadas a ela. Eu não estou nem aí pra rainha, mas como a festa é boa eu me junto com certeza às homenagens. Agora só quero ver como vai ser quando a atual princesa for promovida... vou continuar festejando, mas saudar uma rainha que por baixo da camisa laranja veste azul e branco vai ser mais difícil. Enquanto pra todo mundo ela será rainha pra mim ela será “hermana”! hah
Como eu falei, é meio um carnaval. A bebedeira começa na noite anterior e se estende pelo dia todo... acho que alguns, principalmente os estrangeiros, em vez de curtir ressaca do dia seguinte resolvem retardá-las pelos CoffeShops da cidade. Sinceramente acho que os dois malucos fizeram isso.
Ambos estavam sobre uma grua que deveria estar sendo usada pra retirar os enfeites do dia anterior. Um deles continuava a gritar: “I’ll jump”. A galera, que é igual em todo o lugar do mundo, continuava a pedir: “Pula!” Os policiais, agora já com a ajuda dos bombeiros, e um grande colchão de ar embaixo daquilo, continuavam com a educada tentativa de convencer os dois malucos a descer.
A grua do carro dos bombeiros ajudou um dos policiais a se aproximar dos dois. O policial continuou educado até descarregar um frasco de spray de pimenta na cara de um dos doidos. O outro pulou! A galera delirou! O salto foi em direção de um canal que passava ao lado. Um foi preso com a cara toda ardida, o outro todo gelado!
O mês de abril aqui é marcado pela passagem do inverno pra primavera... nesta passagem contuma-se acontecer de tudo, é uma confusão climática só menos doida que os malucos da grua. Por aqui há um ditado: “April doet wat hij wilt!” (Abril faz o que ele quer). Ou seja, as quatro estações do ano podem ser vistas em intervalos de dias. Mas este ano abril fez o que eu quiz!!!!! Foi um mês de sol e temperaturas agradáveis. Muito bom pra pedalar, jogar tênis em quadra aberta e até pra ir à praia e entrar na água! Puta que água fria! O primeiro dia que eu sai de casa de bermudas e havainas foi incrível... o sorriso ia de orelha a orelha!
Bem, abril passou e infelizmente maio não vai fazer o que eu quero... o vento está forte pra caramba e a chuva vem e vai! Sair de casa voltou a ser aquela aventura de nunca saber se vamos chegar secos ao nosso destino.
Num dos ensolarados finais de semana de abril eu fui a um parque muito conhecido por aqui. Todo mundo quando pensa na Holanda pensa em algumas coisas específicas, dentre delas as Tulipas. É um parque que na verdade é um grande jardim com as mais variadas formas e cores de Tulipas que se possa imaginar. Tem hora que não se pode contar o número de cores vistas de uma só vez.
Eu sempre ouvi no Brasil que umas das maiores concentrações de japoneses no mundo fora do Japão está no bairro da Liberdade em São Paulo. Mas vou falar que depois da visita ao Keukenhof eu duvido desta afirmação. Atrás de cada Tulipa tem um japonês com uma câmera na mão. Isso quando a câmera não era um filmadora e eles não ficavam lá um tempo filmando uma flor. Eu concordo, é bonito pra caramba, mas é muito estranho ficar filmando flores se elas não vão piscar pra câmera, ou fazer uma pose...
Outro dia fui jantar com a Susanne num restaurante aqui perto de casa. Quando pedimos o cardádio ouvimos: “Sorry, I don’t speak dutch”. Como é comum isso por aqui! Há pessoas que vivem aqui durante muito tempo e não aprendem uma palavra de Holandês. Muitos dizem que como todo mundo fala inglês não há a necessidade de se aprender o idioma local. É muito bacana que quase todo mundo fala inglês, mas estou começando a achar que os holandeses deveriam ser um pouco mais franceses... Mas bem, numa outra mesa quando chamaram o tal garçom ele mais uma vez começou: “Sorry, I don’t speak dutch”. E na sequencia ele completou: “I don’t speak dutch because I came from (...). ” Como se fosse um impedimento pra quem vem do tal país aprender holandês. Ainda bem que ele não falou que era brasileiro.
Com a proximidade do verão o número de turistas aumenta, assim alguns fatos curiosos começam a aparecer. Não é raro quando alguns turistas se dirigem a alguma holandesa e perguntam: “Você pode tirar uma foto?”. Quando a resposta é positiva um dos turistas abraça a coitada e o outro vai registrar o momento! Só fico imaginando as histórias que devem ser contadas nos países de origem
Nada como um bom vizinho
Amsterdam, 29 de março de 2007
Por aqui vai indo tudo bem... a primavera este ano felizmente chegou junto com o equinócio (o que não é muito normal por aqui.)... se bem que falar em “felizmente” pode ser meio irracional, afinal vivendo na Holanda, ou seja, nos Países Baixos, não deveria ficar muito feliz assim ao perceber os sinais do aquecimento global. Afinal, se este problema continuar daqui a alguns anos vou ter que procurar uma casa barco pra morar, igual à daquela menina da novela que vivia aqui em Amsterdam!
Mas bem, já que tá esquentando mesmo, melhor aproveitar! E foi o que fizemos no domingo. Depois de montar umas prateleiras no nosso quarto e um pequeno armário na sala fomos aproveitar os primeiros momentos de primavera em nossa sacada! Pois é... eu tenho uma sacada!!!! Depois de mais de quatro meses vivendo neste apartamento eu pude finalmente curtir minha sacada. Como foi gostoso tomar sol de camiseta enquanto tomava suco e comida uma “bomba de chocolate”... No final do dia falei com minha família no Brasil. Ao comentar sobre os incríveis e ensolarados momentos na sacada e informar a agradável temperatura que tivemos durante o dia ouvi: “credo! Que frio!!!” hahah... tudo é relativo. Pra quem estava num dia de outono a 30 graus um agradável dia de primavera a 13 parece ser gelado mesmo!
As diferenças daqui pra vida que eu sempre levei no Brasil são muitas mesmo. O que eu sempre tento não fazer é ficar comparando as coisas... vou sempre vivendo da melhor maneira possível, desfrutando daquilo que eu gosto e aceitando aquilo que prefiria não conviver.
Uma das coisas mais interessantes, e de certa forma muito diferente do que sempre tive no Brasil, é a necessidade de se viver em diferentes idiomas. Eu posso dizer que toda a minha vida no Brasil eu vivi quase que exclusivamente em português. Um segundo idioma era quase que restrito às aulas de inglês e a leitura de livros e artigos científicos na faculdade. Bem, minha vida aqui é obrigatoriamente vivida em pelo menos dois idiomas, o português e o holandês. Se bem que há alguns momentos que eu e a Susanne não sabemos mais em qual idioma conversamos... é uma salada. Além destes dois o inglês é muito presente por aqui em nosso dia a dia, seja através da TV, de um turista pedindo informação, ou de um colega estrangeiro que vive aqui e ainda não fala holandês, por exemplo... pra quem viveu a vida toda em um sistema “unidiomático” falar três diferentes idiomas num único dia é uma tarefa que faz a cabeça ferver.
Outro dia estava com um amigo holandês que me apresentou um conhecido colombiano. Resolvi que aquele era o momento pra praticar meu portunhol. Até que não fiz muito feio. Porém, quando o amigo holandês me fez uma pergunta em inglês, pra que o colombiano pudesse entender a coisa ficou feia... quatro idiomas pra esta cabeça aqui é muita coisa... a cabeça entrou em estado de sublimação*. A pergunta era simples. Entender nunca é o problema... mas da minha boca não saía palavra alguma. E quando elas saíram, vinha cada uma num idioma...
Uma coisa que me deixa também sempre feliz é o fato do português brasileiro ser muito valorizado por aqui. É muito comum se entrar num bar ou restaurante e ouvir música brasileira. Não falo de Gilberdo Gil, Caetano, ou Garota de Ipanema... são cantores e bandas quase desconhecidos em nosso país mas que doam (ou vendem) suas vozes pra pra deixar o ambiente daqui mais agradável, mais “gezellig”. Segundo o que ouço por aqui, nosso português soa gostoso e é um idioma perfeito pro “Lounge”, um estilo musical dos mais ouvidos nos bares e restaurantes. Pois é... enquanto aqui vejo valorização do nosso idioma (que um dia não foi nosso mas agora é) em nosso próprio país ele é desvalorizado... basta olharmos pra lojas de madame que pra se diferenciarem das lojas de pobres colocam seus produtos em “off”, mas nunca entram em liquidação.
Como eu falei no outro email, ficamos algum tempo sem computador. O novo foi comprado pela internet e entregue pelo correio. Curiosamente vieram nos entregar uma semana antes do planejado, na semana que estivemos viajando pra esquiar. Quando chegamos, haviam três comunicados da empresa de entregas nos informando que eles tinham estado aqui e que só voltariam mais uma vez, numa segunda feira. Depois disso nosso computador iria novamente pro final da fila de entregas.
Na segunda, passei a manha toda em casa, torcendo pra encomenda chegar e nada. As duas da tarde eu tinha uma aula de holandês e depois tinha que ir trabalhar. “Caramba, alguém tinha que receber aquilo pra mim!”. Meus únicos vizinhos que ficam o dia todo “em casa” são os do piso térreo. Eu poderia pedir pra eles receberem o compudador pra mim, caso o entregador viesse enquanto eu estivesse fora. Mas estava meio inibido, nunca tinha falado com eles e nunca tinha imaginado que falaria... Não tive opção. A senhora me falou que não teria problema. Se ela não estivesse lá o filho dela estaria.
Quando voltei, dei uma passada lá novamente e ela me disse que tinha recebido computador e que ele estava guardado nos fundos. Depois de agradecê-la ela me disse: “wij zijn toch buren!!!!” (seria algo como: “pra que servem os vizinhos?!”).
Pois é, nada como uma boa vizinhança, hoje, sempre que desço faço de questão de os cumprimentar... pra quem não se lembra, meu vizinho do piso térreo é um Coffe Shop (o Whauw Coffe Shop), e nestes lugares aqui na Holanda além de café são vendidos também, legalmente, maconha e outras drogas do gênero.
O pior, ou mais estranho, foi eu ter que ir aos fundos (local onde se guarda a mercadoria) pra pegar as caixas com o computador, teclado e monitor... se havia um lugar onde eu nunca tinha me imaginado estar era alí...
Assim a vida vai indo, agora com os pássaros cantando e os pernelongos zunindo!
Eu tenho que providenciar uma tela pra janela do meu quarto!
*passagem da água dos estado sólido diretamente pro estado gas
Por aqui vai indo tudo bem... a primavera este ano felizmente chegou junto com o equinócio (o que não é muito normal por aqui.)... se bem que falar em “felizmente” pode ser meio irracional, afinal vivendo na Holanda, ou seja, nos Países Baixos, não deveria ficar muito feliz assim ao perceber os sinais do aquecimento global. Afinal, se este problema continuar daqui a alguns anos vou ter que procurar uma casa barco pra morar, igual à daquela menina da novela que vivia aqui em Amsterdam!
Mas bem, já que tá esquentando mesmo, melhor aproveitar! E foi o que fizemos no domingo. Depois de montar umas prateleiras no nosso quarto e um pequeno armário na sala fomos aproveitar os primeiros momentos de primavera em nossa sacada! Pois é... eu tenho uma sacada!!!! Depois de mais de quatro meses vivendo neste apartamento eu pude finalmente curtir minha sacada. Como foi gostoso tomar sol de camiseta enquanto tomava suco e comida uma “bomba de chocolate”... No final do dia falei com minha família no Brasil. Ao comentar sobre os incríveis e ensolarados momentos na sacada e informar a agradável temperatura que tivemos durante o dia ouvi: “credo! Que frio!!!” hahah... tudo é relativo. Pra quem estava num dia de outono a 30 graus um agradável dia de primavera a 13 parece ser gelado mesmo!
As diferenças daqui pra vida que eu sempre levei no Brasil são muitas mesmo. O que eu sempre tento não fazer é ficar comparando as coisas... vou sempre vivendo da melhor maneira possível, desfrutando daquilo que eu gosto e aceitando aquilo que prefiria não conviver.
Uma das coisas mais interessantes, e de certa forma muito diferente do que sempre tive no Brasil, é a necessidade de se viver em diferentes idiomas. Eu posso dizer que toda a minha vida no Brasil eu vivi quase que exclusivamente em português. Um segundo idioma era quase que restrito às aulas de inglês e a leitura de livros e artigos científicos na faculdade. Bem, minha vida aqui é obrigatoriamente vivida em pelo menos dois idiomas, o português e o holandês. Se bem que há alguns momentos que eu e a Susanne não sabemos mais em qual idioma conversamos... é uma salada. Além destes dois o inglês é muito presente por aqui em nosso dia a dia, seja através da TV, de um turista pedindo informação, ou de um colega estrangeiro que vive aqui e ainda não fala holandês, por exemplo... pra quem viveu a vida toda em um sistema “unidiomático” falar três diferentes idiomas num único dia é uma tarefa que faz a cabeça ferver.
Outro dia estava com um amigo holandês que me apresentou um conhecido colombiano. Resolvi que aquele era o momento pra praticar meu portunhol. Até que não fiz muito feio. Porém, quando o amigo holandês me fez uma pergunta em inglês, pra que o colombiano pudesse entender a coisa ficou feia... quatro idiomas pra esta cabeça aqui é muita coisa... a cabeça entrou em estado de sublimação*. A pergunta era simples. Entender nunca é o problema... mas da minha boca não saía palavra alguma. E quando elas saíram, vinha cada uma num idioma...
Uma coisa que me deixa também sempre feliz é o fato do português brasileiro ser muito valorizado por aqui. É muito comum se entrar num bar ou restaurante e ouvir música brasileira. Não falo de Gilberdo Gil, Caetano, ou Garota de Ipanema... são cantores e bandas quase desconhecidos em nosso país mas que doam (ou vendem) suas vozes pra pra deixar o ambiente daqui mais agradável, mais “gezellig”. Segundo o que ouço por aqui, nosso português soa gostoso e é um idioma perfeito pro “Lounge”, um estilo musical dos mais ouvidos nos bares e restaurantes. Pois é... enquanto aqui vejo valorização do nosso idioma (que um dia não foi nosso mas agora é) em nosso próprio país ele é desvalorizado... basta olharmos pra lojas de madame que pra se diferenciarem das lojas de pobres colocam seus produtos em “off”, mas nunca entram em liquidação.
Como eu falei no outro email, ficamos algum tempo sem computador. O novo foi comprado pela internet e entregue pelo correio. Curiosamente vieram nos entregar uma semana antes do planejado, na semana que estivemos viajando pra esquiar. Quando chegamos, haviam três comunicados da empresa de entregas nos informando que eles tinham estado aqui e que só voltariam mais uma vez, numa segunda feira. Depois disso nosso computador iria novamente pro final da fila de entregas.
Na segunda, passei a manha toda em casa, torcendo pra encomenda chegar e nada. As duas da tarde eu tinha uma aula de holandês e depois tinha que ir trabalhar. “Caramba, alguém tinha que receber aquilo pra mim!”. Meus únicos vizinhos que ficam o dia todo “em casa” são os do piso térreo. Eu poderia pedir pra eles receberem o compudador pra mim, caso o entregador viesse enquanto eu estivesse fora. Mas estava meio inibido, nunca tinha falado com eles e nunca tinha imaginado que falaria... Não tive opção. A senhora me falou que não teria problema. Se ela não estivesse lá o filho dela estaria.
Quando voltei, dei uma passada lá novamente e ela me disse que tinha recebido computador e que ele estava guardado nos fundos. Depois de agradecê-la ela me disse: “wij zijn toch buren!!!!” (seria algo como: “pra que servem os vizinhos?!”).
Pois é, nada como uma boa vizinhança, hoje, sempre que desço faço de questão de os cumprimentar... pra quem não se lembra, meu vizinho do piso térreo é um Coffe Shop (o Whauw Coffe Shop), e nestes lugares aqui na Holanda além de café são vendidos também, legalmente, maconha e outras drogas do gênero.
O pior, ou mais estranho, foi eu ter que ir aos fundos (local onde se guarda a mercadoria) pra pegar as caixas com o computador, teclado e monitor... se havia um lugar onde eu nunca tinha me imaginado estar era alí...
Assim a vida vai indo, agora com os pássaros cantando e os pernelongos zunindo!
Eu tenho que providenciar uma tela pra janela do meu quarto!
*passagem da água dos estado sólido diretamente pro estado gas
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