Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O ponto de vista da História


Por tolices da vida, eu disse por muito tempo que não gostava de história... Porém, com o tempo fui percebendo que só olhando pro passado eu compreenderia melhor o presente. E como por aqui o passado e presente andam de mãos muito bem dadas acabei por me interessar ainda mais pela coisa.
Em muitas passagens por aqui pude ver, e sentir, a história como nunca tinha visto antes... era só fechar os olhos e eu estava lá, naqueles livros que durante muito tempo pareciam apenas um peso a mais nas minhas costas.
A história por estes lados começou a ser escrita um bocado antes da nossa. Olhar pro desenvolvimento de nosso país é ver que usamos como modelo muito do que já era praticado há tempos na Europa, falo de educação, justiça, religião, trabalho, política, entre muitas outras coisas que foram impostas por nossos colonizadores. Desde então parece que estamos correndo atrás do tempo, com o sonho de um dia sermos desenvolvidos como eles.

Mesmo depois de minha família holandesa passar um mês rodando pelo Brasil, ela não conseguiu encontrar o tipo de pessoa que mais representasse o brasileiro. Deste lado de cá ainda se pode estilizar o habitante de um determinado país.
Ter contato com o brasileiro é ver que somos paulistas, caiçaras, bahianos, índios, cariocas... e a perder de vista. Nós somos uma mistura de um monte de coisas. Até nossas populações locais, como a caiçara, conseguem ser uma mistura. Ali há sangue índio, português e negro. Meu avô, outro nativo, pernambucano sertanejo, conseguiu herdar de alguém a pele clara e os olhos verdes.

Os mesmos holandeses que no passado ignoraram fronteiras, viajaram pelo mundo, aprenderam idiomas, deram olhos verdes ao meu avô, forçaram populações de diferentes povos africanos a viverem juntos numa nova terra distante, fizeram comércio com quem quer que fosse, hoje têm uma dificuldade muito grande em aceitar muitos dos imigrantes que aqui chegaram a partir das décadas de 70 e 80. Este povo que, ao longo dos tempos, sempre aceitou as diferenças dos outros, no país dos outros, mostra hoje ter muitos problemas em aceitar a diferença destes mesmos outros... mas agora no país deles.
Tenho certeza que a cada ciclo de imigração no Brasil, a começar pelos colonizadores/invasores, trouxe seus sérios conflitos, seus choques de culturas. Mas não dá pra negar que, mesmo não tendo acabado com todos os nossos problemas, hoje somos todos brasileiros. Somos Tanakas Oliveira, Sennas da Silva, Haagensen de Souza...
Neste mundo que vivemos, sempre em "desenvolvimento", as fronteiras são cada vez menores. Atualmente, cerca de 40% das pessoas que vivem em Amsterdam não possuem origem holandesa e negar que estes sejam também holandeses é um grande erro. Queira-se ou não, este país já não é mais um país branquinho, de olhos claros e mente bem liberal. Aquele modelo que representa(va) o cidadão de holandês deve ser repensado.

Eu vivo me perguntando quando é que os holandeses vão perceber que as coisas mudaram, e que elas vão mudar ainda mais. Quando é que eles vão perceber que ou eles se misturam ou esta tensão entre os eles e os "forasteiros" nunca vai acabar e com certeza vai ainda aumentar!
Nós nos misturamos há muito tempo. Acabamos por absorver o que vinha de fora, desenvolvendo um sentido nacionalista em comum.
Parece que desta vez, não somos nós que corremos atrás do tempo...
Será que algum dia eles vão olhar pra nossa história?

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