Como quase nunca, a magrela não era minha companheira naquela manha de segunda feira.
As manhas de segunda já são meio melancólicas, sem ela e sentado num ônibus então, nem se fale.
Eu não a vi da cintura pra baixo, mas dali pra cima ela era daquelas mulheres de parar o trânsito. Mesmo pra alguém como eu, decidido e fiel, seria a coisa mais natural do mundo gastar uns segundos de um semáforo no vermelho olhando pra ela. Numa hora como aquela então, isso seriam completamente compreensível mesmo pra mais ciumenta das mulheres.
Loira como muitas por aqui... cabelo longo e ondulado, meio preso meio solto. Como uma moleca, chupava a ponta do indicador. Parecia que pra ela, o mundo fora daquele carro não existia. Era como se fosse ela e nada mais.
Os poucos segundos se tornaram longos, me vi meio hipnotizado, numa mistura de espanto e graça. Fazia muito tempo que uma outra mulher bonita, que não fosse a minha, prendesse tanto a minha atenção.
Eis que ela olha em minha direção. Meio sem saber o que fazer, disfarço o olhar. Confesso que, sem saber porque, afinal nunca fui de fugir de um olhar feminino, fiquei envergonhado.
Mas curiosidade venceu a vergonha e voltei a olhar pra ela.
Um indicador de uma leve mão voltava a tocar aqueles lábios... movimento sutil antecedido por um lampejo de furiosidade, em mais uma profuuuunnnnda cutucada no nariz.
Luz verde... final daqueles poucos segundos que fizeram minha manha.
PS: antes de comer as melecas ela ainda dava um longa olhada na mercadoria...
Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
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Um comentário:
Ai, Felipe, só consigo pensar num comentário: ééééééca ;-) Que anticlímax!!!
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