Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.
domingo, 3 de maio de 2009
"Esquecimento"
A mala que estava nas costas era bem pesada, e os dois tripés que levava me atrapalharam um bocado pra entrar naquele ônibus. O que eu mais queria era logo me sentar, pra me livrar por alguns instantes daquele peso que eu carregava.
Logo que validei meu bilhete, fui procurando meu assento.
- Você não esqueceu alguma coisa? - disse o motorista.
- O que o senhor disse?
- Você não se esqueceu de algo?
Refiz, mentalmente, meu passos: "entrei no bumba, validei o bilhete, a maquininha confirmou a validação, pois a luz verde piscou..." e respondi:
- Acho que não! - seguro que nada faltava.
- Boa noite - disse o motorista holandês com uma simpatia gigantesca. Emendando logo em seguida um: tudo bem com você?
Depois de retribuir a saudação e me desculpar pela falta de educação, me sentei logo na primeira poltrona. Eu só pude rir da situação e admirar aquela simpática figura, um quebra gelo nestes dias cada vez mais antissociais em que vivemos.
Depois de descer do ônibus me realisei como a gente, independente do lugar, pode se distanciar do mundo que nos cerca. Ficamos tão concentrados em nós mesmos que acabamos por nos esquecer de quem está ao nosso lado.
Tenho quase certeza sobre o que aquele motorista gostaria de ter me perguntado quando pequei minhas tralhas e, preocupado em não deixar nada pra trás, saltei dequele ônibus.
- Você não estaria, novamente, se esquecendo de algo?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Postar um comentário