Nesta vida não tenho muitas conquistas materiais, porém as histórias são diversas. Quem eu seria sem minhas histórias? Não seria eu.

sábado, 17 de janeiro de 2009

De braços abertos


Há pouco mais de dois anos eu prometi a minha família holandesa que os levaria pra visitar meu país. Seria uma bela maneira de os agradecer por tudo o que fizeram por mim desde a primeira vez que passei por aqui, seria uma maneira de apresentar meu país aqueles que me apresentaram tão bem ao país onde vivo, que hoje é também um poquinho meu.

Seria uma maneira também de realisar um sonho... o de ver minha família grande como nunca.


Foi quase todo mundo, estivemos aí, contando comigo em 10 pessoas. Os levei a cantos conhecidos, como Ubatuba, Ilha Grande e Maringá -RJ, mas também fomos a destinos já há tempos desejados, Foz do Iguaçú, Salvador e Chapada Diamantina.
Foi uma mistura deliciosa de conhecido e desconhecido, praia e montanha, cidade e vilarejo com várias festas de família. De um simples churrasco de final de semana, que comparado a um churrasco holandês de simples não tem nada, à celebração do Natal. Sem esquecer o inesquecível aniversário de meu Pai, quando comemoramos juntos seus 60 anos, numa grande mistura de verde e amarelo com laranja...

Depois de rodar tanto é dificil escolher o mais bonito. Simplesmente desfruto de ter conhecido um pouco mais de meu país, que de tão grande, não importa o quanto eu viaje, haverá ainda muito pra conhecer.
Fico feliz por poder ter vagado pela imensidão da Chapada Diamantina, com ponto alto a beleza do Cachoeirão, onde a água simplesmente brota naqueles imensos penhascos e cai devagarzinho até formar uma riozinho que se perde naquele canyon; por ter sentido a magia de um Pelourinho assustadoramente bonito durante uma caminhada solitária as 6:00h da manha; por ter visto violência da Garganta do Diabo, que apreciada do lado argentino faz qualquer brasileiro admitir que os "hermanos" ficaram com a melhor parte daquele parque; por ter me espantado com a surrealidade de Aventureiros, num dos cantos mais bonitos que eu já vi na Ilha Grande... ou mesmo de voltar a desfrutar de coisas já conhecidas, como nadar com tartarugas na Ilha Grande; apreciar o Mirante da Dona Chica, na estrada que vai pra Praia de Almada em Ubatuba; tomar um banho de mar na primeira hora do ano... rever alguns amigos; estar em família, sem que dela falte um pedaço...
Esta viagem foi no início um gesto de agradecimento meu para pessoas que me receberam tão bem... mesmo antes de nossa viagem terminar, na qual fui, com ajuda da Susanne, o organisador de tudo, todos ficaram muito agradecidos pela maneira que eu consegui mostrar a eles meu país, e minha gente. Mas depois desta viagem acabei por perceber que mais uma vez criei uma dívida com eles. Fui apresentado a um Brasil do qual eu só tinha ouvido falar. Eu vi uma país feliz por receber gente de fora, curioso por saber um pouquinho mais de quem o visita, se comunicando sem que os idiomas se entendam. Um país que se espantava ao descobrir que havia alguém igual a ele no meio daqueles de fora, talvez como uma mostra de que os de fora são mais parecidos com a gente do que sempre imaginamos.
Eu vi um país de braços abertos que encanta a qualquer um... mesmo aquele que conhece muitos de seus problemas.
Fotos da viagem...